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Não ter razões para ficar é uma ótima razão para partir

Uma das decisões mais difíceis de todo ser humano é tomar a iniciativa de partir, ir embora, deixar para trás. Isso porque se acomodar ao que supostamente já faz parte de nossas vidas é mais fácil do que quebrar as correntes das ilusões que nos aprisionam numa redoma de falso conforto. Quando nada mais nos faz sorrir, é hora de partir.

Quando os dias se arrastam, as horas se eternizam, os segundos não chegam, fazendo com que ansiemos pela cama, pelas luzes apagadas e pelo silêncio que não machuca. Quando o ambiente se carrega de peso, dificultando o nosso respirar tranquilo, amedrontando os nossos passos, calando nossa voz e nossos sonhos. É hora de partir.

Quando o trabalho se torna mera repetição, em que nada se cria, nada motiva, nada alegra, forçando-nos sorrisos teatrais, palavras sem verdade, ausência de coleguismo. Quando nos sentimos menos, não nos valorizam, não nos pedem nada,tampouco nos enxergam, como se ali tivéssemos o mesmo valor de um móvel barato. É hora de partir.

Quando a amizade enfraquece, distancia-se, fria e cortante, sem volta, sem retorno, sem cumplicidade. Quando não se lembram de nos chamar, de nos ligar, de nos dizer um mero oi, enquanto somente nós nos esforçamos por encontros, conversas, risadas, em meio a mensagens não visualizadas, telefonemas não atendidos, convites sem resposta. É hora de partir.

Quando damos as mãos ao vento, quando olhamos nos olhos que se desviam, quando não nos sentimos gente ao lado de quem está ali por mera formalidade, como se fosse uma obrigação a convivência. Quando não há mais procura, nem escuta, tampouco diálogo; quando temos que implorar, gritar, caso tenhamos que obter um pingo – meio pingo – de atenção. Quando a reciprocidade ficou num passado distante, junto com a verdade. É hora de partir.

Ainda que suas mãos tremam, que seus olhos se inundam, que seu coração se quebre, que suas pernas pesem, que sua voz falhe, vá, saia de onde nada mais lhe roube sorrisos, de onde somente existe vazio e dor, solidão e mágoa. À medida que caminhamos em busca do que nos torna felizes de fato, tudo se vai ficando mais leve, mais calmo, mais lúcido. Porque ficar com medo jamais será capaz de nos trazer o prazer de ir ao encontro de uma felicidade possível, verdadeira, merecidamente nossa. Vá.

Prof. Marcel Camargo

Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.

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