Recentemente, pesquisadores descobriram que um distúrbio de sono está servindo como um alerta precoce para doenças neurológicas, incluindo Parkinson e demência.
Conhecido como transtorno comportamental do sono REM (RBD, na sigla em inglês), ele já afeta mais de 1 milhão de pessoas nos Estados Unidos e cerca de 80 milhões ao redor do mundo.
O que é o transtorno comportamental do sono REM?
O RBD se caracteriza por comportamentos físicos durante o sono, como falar, gritar, rir, xingar ou realizar movimentos bruscos que refletem os sonhos.
O grande destaque dessa condição é seu potencial de prever o surgimento de doenças neurológicas: estudos do Mount Sinai mostraram que, em quase todos os casos analisados, pessoas com RBD desenvolveram Parkinson ou algum tipo de demência posteriormente.
“Esse método automatizado poderia ser integrado à análise de exames de sono, facilitando diagnósticos e evitando casos não detectados”, afirma o Dr. Emmanuel During, neurologista do Mount Sinai.
Desafios no diagnóstico
Contudo, identificar o RBD não é fácil. Como os episódios acontecem durante o sono, muitos pacientes desconhecem seus sintomas, e movimentos violentos podem representar risco de ferimentos para si ou para quem dorme ao lado.
Cientificamente, o RBD está ligado à inflamação em regiões do cérebro responsáveis pela produção de dopamina, um neurotransmissor crucial. A diminuição dessa substância também está presente em pessoas com Parkinson e demência, explicando a conexão entre o distúrbio do sono e essas doenças.
Inteligência artificial ajuda na detecção precoce
Com intuito de melhorar a precisão do diagnóstico, os pesquisadores desenvolveram um sistema automatizado baseado em inteligência artificial, inspirado em estudos da Universidade Médica de Innsbruck, na Áustria.
A tecnologia analisa exames de vídeo-polissonografia e consegue identificar o RBD com 92% de precisão.
Impactos do RBD no dia a dia
Além de afetar o sono, o transtorno pode causar sonolência excessiva, dificuldade de concentração e problemas para aprender novas tarefas. Alguns pacientes também relatam respostas emocionais incomuns, como medos exagerados ou confusão ao identificar objetos.
A análise automatizada permite que os médicos ajustem tratamentos de forma personalizada, monitorando a gravidade dos movimentos noturnos e possibilitando intervenções precoces em doenças neurológicas em desenvolvimento.
Relevância para o Brasil
Com milhões de pessoas afetadas pela demência no país, essa descoberta oferece uma oportunidade inédita de detecção precoce.
Monitorar os padrões de sono e identificar sinais de RBD pode transformar a forma como cuidamos da saúde neurológica, dando mais tempo para prevenção e planejamento de tratamentos.
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