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Amar de verdade, seja em que nível for, tem que começar com os nossos

O que é o amor? (Uma homenagem às Mães)

Por mais que a pergunta pareça ter uma resposta óbvia e pronta, pego-me refletindo inúmeras vezes sobre esta questão, uma vez que percebo o amor em mim mesma de diferentes maneiras, a cada dia.

Recentemente, em minha cidade natal, vi uma cena que me chamou muito a atenção e por isso me levou a profundas reflexões.

Na avenida principal da cidade, vi uma mulher de cerca de uns trinta e poucos anos andando de mãos dadas com a mãe, uma senhora de uns sessenta anos. Fiquei intrigada, pois a mãe não parecia precisar de suporte, ajuda ou ter qualquer doença, que a fizesse necessitar andar de mãos dadas com a filha. Aquele gesto era de puro amor. E justo numa cidade pequena, na avenida principal, onde as pessoas olham, reparam e falam.

Como eu estava dirigindo, segui o meu caminho. Porém, após o fim do compromisso, na volta para casa, vi novamente as duas mulheres de mãos dadas em outro ponto da cidade. E então, eu segui, mais uma vez, com as reflexões em minha cabeça.

Num mundo de aparências, regras de etiqueta e de toda ordem, que filhas e mães andam de mãos dadas nas ruas? As que tem um amor acima de todo o resto, que faz com que elas mal se importem com a opinião alheia, com o que os outros vão gostar ou deixar de gostar.

Mães e filhas que estão tão bem consigo mesmas, que mal vão perceber os olhares de uma pessoa como eu, que se sentiu intrigada com a cena.

E quando pergunto “o que é o amor? ”, é por que a cada dia constato mais e mais que este sentimento está enraizado em nós mesmos, a partir dos laços que temos com a nossa própria família. O quanto mais eu amo meus pais e meus irmãos, mais apta eu me torno a amar a mim mesma e bem depois uma terceira pessoa.

Se estou de bem com a minha própria fonte de vida, então estarei apta a nutrir aqueles que vieram de mim, como fonte de vida. Tudo está absolutamente interligado. E esta relação se perpetua em cada camada importante de nossas vidas: na relação entre irmãos, primos, tios, sobrinhos, avós. E depois disso numa terceira pessoa. Se não há “furos”, raiva, ódio nessas relações primárias, então estarei pronta a amar uma terceira pessoa pelos motivos certos: pelo mais puro amor.

Antes disso, todo amor é necessidade de cura. Quando a relação com um dos nossos é de dor, tentamos a qualquer preço, de forma inconsciente, projetar numa terceira pessoa a necessidade de ser amado, o que nada mais é do que carência.

Amar de verdade, seja em que nível for, tem que começar com os nossos, tem que fluir ali. Se ali o amor está bem, todo o resto irá fluir. Sentindo-se amado onde é a fonte de nossa própria vida e onde realmente importa, não haverá necessidade de aceitação de qualquer outra pessoa, a autoestima fica bem, o amor-próprio é forte e a prova das dores da vida e do mundo.

Quando se sente mágoa de um pai, de uma mãe, de um filho, um irmão, ou seja quem for, acaba por se projetar a dor e falta desse amor no outro (a). Mesmo que este outro seja a tentativa de um amor, de uma outra família, de um amigo ou até mesmo de um objetivo inventado para se curar algo em outro lugar. Tudo ocorre de maneira inconsciente.

Tomar consciência dessas coisas singelas da vida demanda tempo, maturidade e experiências vividas, que nos fizeram sofrer. Por mais simples que soem as afirmações acima, leva-se tempo para vê-las com clareza. Até lá, vê-se o amor de inúmeras formas antes: como paixão, desejo, fidelidade, posse, amizade etc.

Mas o amor mesmo está nas coisas mais simples da vida. Como o andar de mãos dadas com a mãe, sem sequer perceber que se foi notado.

Carolina Vila Nova

Brasileira, 41 anos, formada em Tecnologia em Processamento de Dados, pós-graduada em Gestão Estratégica de Pessoas. Atua numa multinacional na área administrativa como profissão. Escritora, colunista e roteirista por paixão. Poliglota. Autora de doze livros publicados de forma independente pelo Amazon, além de quatro roteiros para filme registrados na Biblioteca Nacional. Colunista no próprio site www.carolinavilanova.com e vários outros. Youtuber no canal Carolina Vila Nova, que tem como objetivo divulgar e falar sobre as matérias do próprio site.

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