Autores

“Não importa quanto vá durar – é infinito agora”

A frase é famosa. O autor também. Caio Fernando Abreu tem suas obras altamente parafraseadas nas redes sociais por tratar de assuntos cotidianos com uma linguagem muito próxima da coloquialidade. Único e extremamente intuitivo, o autor expõe os sentimentos humanos com a naturalidade como quem coloca uma mesa para um café.

Caio escrevia sobre o que vivia, sobre o que sentia e sobre o que acreditava. Não havia ilusão em suas obras. Era o conhecimento empírico transformado em versos que fizeram do autor um dos mais lidos nos últimos tempos.

Para o autor, amor bom era amor real. Sem dramas, sem neuras, sem idealizações. Um exemplo disso foi citado em “Cartas”, pelo próprio autor: “amor não resiste a tudo, não. Amor é jardim. Amor enche de erva daninha. Amizade também, todas as formas de amor”.

A alma humana encontra-se, em seus livros, marcada por uma realidade ora chocante, ora romântica e que, por motivos não difíceis de entender, deram ao autor o título de “fotógrafo da fragmentação contemporânea”. Seus textos que falam de sexo, de medo, de morte, de solidão e parecem dilacerar o leitor gradativamente com o passar das páginas.

Isso pode ser facilmente comprovado em “Pequenas Epifanias”. Na obra, Caio apresenta o amor de uma forma bem diferente da convencional: “No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio.”

Para Caio não existia meios termos, os sentimentos eram descritos de uma forma tão intensa que o leitor tem a impressão de ter sua vida estar sendo descrita. “Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, dói demais. Mas passa.”

Coerente, realista e com um autocontrole admirável. Esse era Caio Fernando Abreu. Um autor de muitas obras para poucos leitores.

Pamela Camocardi

A literatura vista por vários ângulos e apresentada de forma bem diferente.

Recent Posts

Estudo revela quantos filhos causam menos estresse aos pais — E o resultado surpreende

Quem é pai ou mãe sabe: criar filhos é uma das tarefas mais desafiadoras da…

23 minutos ago

5 Sinais discretos que podem revelar o passado amoroso de uma mulher

Quando conhecemos uma nova pessoa, é comum nos questionarmos sobre o passado dela, principalmente se…

26 minutos ago

Espetáculo raro com duas chuvas de meteoros visíveis a olho nu promete surpreender a todos neste fim de mês

Se você é um amante da astronomia, se prepare: na madrugada entre os dias 29…

30 minutos ago

3 Frases que revelam que alguém está infeliz, segundo a psicologia

Muitas vezes, os sinais de infelicidade não aparecem em lágrimas ou desabafos diretos, mas sim…

32 minutos ago

Depois de uma certa idade, os homens simplesmente param de se importar com essas coisas

O tempo tem um jeito curioso de mudar prioridades. Se na juventude os homens estão…

36 minutos ago

Os signos mais difíceis de ter como amigo, segundo a astrologia

Você já teve uma amizade que parecia promissora, mas que rapidamente virou uma dor de…

39 minutos ago