Existe um lugar dentro de você em que você é invencível, mas para acessar esse lugar, será preciso superar alguns obstáculos que eu vou te contar quais são.

Várias escolas falam, de formas diferentes, sobre o caminho de reconexão com que somos de fato. Por exemplo, Jung chama isso de autorrealização; Winnicot, da busca pelo verdadeiro self. A palavra “yoga” tem como definição “união”.

Ou seja, ao falar sobre a necessidade de reconexão, esses pensamentos presumem que há uma desconexão. Mas o que estaria desconectado? Nem todas entendem essa desconexão da mesma forma, vou tentar resumir os pontos em comum.

De alguma forma, todas veem a infância como uma tentativa de realização da espontaneidade. Essa ideia é difícil de contestar, já que é fácil perceber a espontaneidade das crianças que vai aos poucos sendo minada por uma socialização que não respeita as diferenças e as idiossincracias.

As exigências dos bons modos, da aparência, da riqueza, do encaixe no sistema, na educação, no trabalho vão padronizando o comportamento humano, comprimindo o ser em moldes sociais.

No entanto, uma das características da espontaneidade, por definição, é que ela tem brilho próprio e preme por realizar-se sem intereferência. Dessa forma, toda repressão gera sofrimento porque há duas forças contrárias brigando entre si: a natureza do ser e a das exigências sociais.

Essa realidade é uma dado da civilização. O problema não é a civilização em si, mas a falta de saúde dela.

Essa mesma civilização criou a epidemia de depressão e ansiedade que vemos hoje.

O que está por trás desse mal estar é o que se tem chamado de ciclo de inconsciência. Todos que se encaixam nessas exigências, carregam consigo as tensões envolvidas nesse encaixe e agem a partir delas.

Seriam necessários livros para falar sobre as consequências disso, porém quero focar aqui em um delas: as pessoas se tornam, elas mesmas, agentes de encaixe de outras pessoas.

O sentimento de impotência vem dessa ferida interna, causada pela socialização. E essa ferida aberta impede de serem aquilo que elas de fato são.

A psicanálise chamaria isso de ferida narcísica, porque impede as pessoas de apreciarem a si mesmas porque terão que aprender a impossível tarefa de apreciarem o que elas não são, ou o que dizem que elas são.

Ou seja, as pessoas, em geral, porque não podem ser elas mesmas, têm uma atitute ambígua sobre si mesmas, insegura, desconfiada. Assim, elas precisam de constante legitimação e reforço. Precisam de espelhos, ou seja, de outras pessoas que agem iguais a elas, ou que façam aquilo que elas querem.

Assim, quem é diferente deve sofrer algum tipo de reforço negativo, de punição social, de ostracismo, e assim por diante. Por fim, estamos todos a serviço do ciclo de inconsciência, agindo como máquinas de padronização de pessoas.

No final das contas, estamos todos desconectados de nossa espotaneidade, de quem somos. Acabamos não sabendo o que de fato queremos, o que nos faz bem.

Aceitamos relacionamentos ruins, com pessoas que não nos aceitam porque elas mesmas não sabem lidar com as próprias feridas de encaixe. Aceitamos trabalhos, carreiras distante de nossos propósitos. E assim, a tentativa de encaixe na sociedade vamos nos desencaixando de nós mesmos.

Como diria Fernando Pessoa, definindo o conceito de integridade, e mostrando o caminho para a autorrealização: “Para ser grande, sê inteiro; nada teu exagera ou exclui.”

Em princípio é um caminho simples: simplesmente ser você mesmo. Mas não é fácil ser quem se é porque os agentes do encaixe se sentirão pessoalmente atacados. Mas é nesse lugar de inteireza que você se torna grande. Essa escolha de ser quem você é te faz invencível.

*DA REDAÇÃO RH. Foto de Ben White na Unsplash

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Professor de Yoga, RYT 200 em Yoga Alliance, foi professor na Universidade de Brasília, idealizador do Movimento Ahimsa e dedica-se a estudar o ser humano. Investiga com profundidade filosofias orientais e ocidentais, religião, meditação, psicanálise, história, antropologia e outras disciplinas. Titulou-se mestre em sociologia pela Universidade de Chicago onde estudou o desenvolvimento de religiões ditas "heterodoxas" no Brasil, é pesquisador do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito - CPAH e membro da sociedade de alto QI Mensa.