Psicologia

O PODER DO TOQUE

Por Claudia Morais

Nascemos para ser tocados. Precisamos que nos toquem. Dependemos disso para viver em paz. E somos infinitamente mais felizes quando recebemos de cada relação afetiva a quantidade certa de abraços, beijos e outros gestos de afeto. Disso quase toda a gente sabe. Mas até que ponto estamos conscientes do PODER do toque? Será que valorizamos na medida certa os gestos de afeto?

Instintivamente, (quase) todos os pais e mães que conheço tocam com frequência e com carinho nos seus bebés. Dão-lhes colo, fazem festas e enchem-nos de beijinhos. Há uma hormona que dá uma ajudinha neste processo de ligação – a oxitocina. E ainda bem que assim é. Afinal, o toque é o primeiro sentido a ser desenvolvido e é a forma de mostrarmos aos nossos bebés que gostamos deles. Sabia, por exemplo, que as crianças que recebem poucos gestos de afeto sofrem um forte impacto ao nível do seu desenvolvimento? É verdade! Precisamos – literalmente – que nos toquem para que possamos desenvolver-nos – física e emocionalmente- de forma saudável.

E na idade adulta? Que poder têm estes gestos? Serão igualmente poderosos? Sem dúvida! As investigações feitas nesta área mostram, por exemplo, que o toque tem um poder terapêutico e que é muito mais provável que encaremos alguns tratamentos mais invasivos como menos dolorosos quando há alguém de quem gostamos a segurar a nossa mão. Isso é visível nos tratamentos oncológicos, por exemplo. Não é magia. É amor!

Mas há mais. Há muito mais. Se estivermos descontrolados, há uma probabilidade muito maior de sermos capazes de controlar a nossa fúria ou a nossa ansiedade se houver alguém de quem gostamos a tocar-nos. Às vezes basta passar a mão pelo rosto ou pelo braço da outra pessoa para observar mudanças que não ocorreriam com a toma de um calmante.

É através do toque – mais do que através de palavras – que dizemos “gosto de ti”. É através do toque que nos ligamos, que criamos laços afetivos. É por isso que nenhuma relação amorosa está realmente segura se não houver miminhos com regularidade. Sabia que os casais que raramente se tocam estão muito mais vulneráveis ao divórcio? Ou que as pessoas que recebem abraços, massagens nas costas e beijos na boca com frequência têm menor probabilidade de sofrer de hipertensão arterial?

O toque é poderoso desde o dia em que nascemos até ao dia em que morremos. Sabia que os idosos se sentem muitas vezes indesejados ou “a mais” simplesmente porque já não há quem lhes dê estes mimos? Ou que a mortalidade é muito maior entre aqueles que não são abraçados com frequência?

Nós não permitimos que qualquer pessoa nos toque. Não andamos por aí a distribuir abraços. Mas talvez devamos parar para pensar se temos distribuído bem os nossos gestos de afeto. Afinal, todas as pessoas de quem gostamos merecem sentir os efeitos positivos do nosso toque. Ou não?

Resiliência Humana

Bem-estar, Autoconhecimento e Terapia

Recent Posts

Léo Lins é condenado a mais de 8 anos de prisão por piadas ofensivas; Entenda o que aconteceu

O humorista Léo Lins foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão em…

13 horas ago

Fãs da Netflix ficam “grudados” na mini-série 10/10 cheia de reviravoltas inesperadas

Uma nova minissérie da Netflix está “prendendo” os usuários do início ao fim com sua…

15 horas ago

Você nunca imaginou que papel alumínio no congelador faria tanta diferença; Entenda

Colocar bolas de papel alumínio dentro do congelador pode até parecer estranho, no entanto, pode…

15 horas ago

Fique solteiro até conseguir amar alguém assim

Muita gente entra em relacionamentos por carência, medo da solidão ou pura pressão social. Mas…

16 horas ago

Psicóloga explica sinais sutis que podem indicar autismo e passam despercebidos na vida adulta

Nos últimos anos, a compreensão sobre o autismo tem avançado significativamente. Muitas características que antes…

16 horas ago

Especialista revela a pergunta mais poderosa para fazer no final de uma entrevista de emprego — e ela pode garantir sua vaga

Participar de uma entrevista de emprego já é um desafio por si só. Mas muitos…

20 horas ago