É preciso colocar algum trabalho para florescer o amor
“Frederico Mattos,
Sou de São Paulo, tenho 25 anos, minha atual namorada tem a mesma idade que eu. Já são quase 5 anos de namoro. Eu sempre tive vontade de me casar, e com a minha atual namorada temos esse plano e recentemente compramos um apartamento juntos.
Do final do ano passado (2011) para cá (Setembro/2012) eu tenho tido muitas dúvidas sobre os sentimentos dela por mim. Eu a amo, disso não tenho nenhuma dúvida. Mas sempre que paro para pensar nas ações dela comigo me vejo em segundo, terceiro e até quarto plano.
Quando converso com ela sobre isso ela sempre diz que me ama e que sou importante pra ela, mas isso é o que ela diz, não é o que ela demonstra. Às vezes acho que é só insegurança minha, mas sempre “perco” quando a questão é prioridades.
Se eu tivesse que fazer uma lista das prioridades dela baseado nos 5 anos de namoro e por suas ações, seria: família, estudos, trabalho, amigos, futebol (sim, ela adora) e ela mesma. Não necessariamente nessa ordem, mas eu me sinto abaixo de todas elas. Não consigo ver onde eu me encaixo.
Por causa dessa insegurança, comecei a ter mais ciúmes dela. Fico imaginando que ela me trai quando sai sozinha com as amigas, na pós e até mesmo no trabalho. Quando ela compra roupas novas, sempre as usa quando vai sair com os amigos(as) e/ou no trabalho. Isso também acontece quando eu a presenteio com roupas/sapatos que gostaria que ela usasse comigo (ou para mim).
Isso me incomoda, já disse isso a ela, mas ela acha que é besteira. Sinto que ela não acha importante quando saímos juntos. Ela sempre se atrasa nos nossos encontros. Ora é por que a vizinha chegou em casa para conversar com a mãe dela, ora por que o jogo do time dela ainda não terminou, e até mesmo por esquecimento. Sim, ela já se esqueceu de que iria sair comigo.
O que posso fazer para descobrir se isso tudo é apenas insegurança ou se ela realmente não me ama?”
Caro Fernando,
Entendo sua preocupação sobre o sentimentos sobre sua namorada por você, afinal você dedica parte (ou grande parte) do seu tempo a ela. É natural ficar em dúvida se o sentimento dela é genuíno.
Tenho uma visão bem específica sobre o amor. Ao contrário do que muita gente pensa, não o vejo como um sentimento, mas como uma ação.
Parado, esperando ajuda, rezando pra dar certo. Não é assim que vai chegar no desejado destino.
Hipervalorização das emoções
Vivemos tempos tão vidrados em comprar coisas e objetos que criamos uma polaridade interna (talvez para compensar nosso consumismo) em hipervalorizar nossos sentimentos, como se eles definissem a realidade objetiva.
A tão famosa essência que acreditamos ser a verdade de nós mesmos costuma ficar anos trancafiada numa pessoa que se mostra fechada e apática. Ou, de outro lado, dominadora e egoísta.
Ambas podem contra-argumentar qualquer retrato que se faça delas dizendo que têm uma essência agradável, vívida e generosa. Na prática o que vemos é, de um lado, alguém que se arrasta pela vida e, de outro, uma pessoa voluntariosa e de convívio difícil. Essência sem ação é palco para idealismo autocentrado e desconectado do mundo.
Sua namorada parece sofrer da ideia de que está ao seu lado (no fundo do coração, bem no fundo) quando na realidade concreta (que é o que importa numa relação com outra pessoa) está jogando só para o time dela.
Comunicação concreta
Gosto de ser realista. Vivemos num mundo social, e a menos que alguém declare, manifeste ou concretize uma intenção, ela será apenas uma vontade invisível aos olhos de todo mundo. Se você quer se comunicar realmente com o mundo (dos adultos), precisa falar e tornar concreta sua intenção. Telepatia, só em filme.
Já vi muitos casais brigarem e se separarem por conta de intenções ocultas que nunca foram expressas verbalmente porque tinham a crença de que bastaria o amor para que o parceiro(a) entendesse os desejos secretos do outro. Dois mudos emocionais que se separaram cheios de mágoa.
Portanto, Fernando, estou tendencioso para o seu lado, afinal, sua namorada pode ter toda a boa intenção do mundo e amar você profundamente, no entanto, se o comportamento dela é completamente contrário ao sentimento, não há razões para acreditar que é um amor consistente valioso para ambos.
É amor apenas nos termos dela, que está remando para outro lugar.
Treino, objetivo, companheirismo, trabalho em equipe. Chame do que quiser, mas faça
.
O amor – sendo uma ação concreta de generosidade e crescimento mútuo – está em falta de sincronia com o alvo do amor dela, que é, ou deveria ser, você. Se pouca ou nenhuma atenção é voltada para você, a situação é clara: só você está namorando.
Dominadores e submissos
Numa grande quantidade de casais a história da tampa e da panela tem muito mais a ver com posturas complementares e doentias do que amor propriamente dito. É bem antiga a tradição de pessoas dominadoras e egocêntricas se relacionarem com outras mais passivas e submissas.
Uma manda, outra obedece; uma fala, outra ouve; uma dita, outra aceita; uma deseja, outra atende; uma trai, outra perdoa; uma tem amigos, outra dedica tempo exclusivo; uma pinta e borda, outra fica limpando a sujeira.
Não são vítima e algoz. São ambos atuantes de um jogo tóxico onde se protegem de uma verdadeira intimidade emocional nutritiva em que o controle não seja o fator principal de uma relação.
Ambos precisam um do outro para existir, afinal, o rei não existe sem um súdito, e é muito comum pessoas dominadoras e egoístas sofrerem quando a pessoa submissa (cansada desse joguinho emocional) se rebela e parte para outra. Sem ter em quem mandar, o dominador se desestrutura até encontrar o próximo lombo onde vai usar sua chibata.
Muitas vezes o que acontece é também encontrar alguém tão ou mais dominador e passar a agir na polaridade oposta como um cordeirinho manso e submisso. Seja mandando ou obedecendo, o jogo patológico se sustenta numa base de poder e controle, não de amor.
Parece que esse é o caso em questão, Fernando.
Num relacionamento não precisamos ser nem uma coisa e nem outra, mas poder brincar em posições diferentes dependendo do contexto e eventualmente abrir mão do controle em situações que ambos estão rendidos. Tentar virar o jogo e ser o dominador como muitos pregam só irá reforçar o que é problemático em ambos. Já vi muitos fazerem isso, e só funciona por um tempo, até que outra crise surja.
Amor e relacionamento
Faço uma outra distinção importante quando trato de vida a dois: amor versus capacidade de gerenciar um relacionamento.
Como segurar o seu amor (ou relacionamento). Não, não é assim que se faz.
Algumas pessoas sabem amar, mas são péssimas administradoras de relacionamento. Não sabem o timing para sair, transar, falar declarações gostosas, são mesquinhos, descuidados, pouco atenciosos ou vaidosos. Tem muito amor e pouca ação.
Outros são prodigiosos em logística amorosa por conta de sua obsessividade em organizar agendas, espaços e compromissos, mas tem vontade fraca e são relativamente frios. Muito gerenciamento e pouco amor.
Os que se dizem azarados não sabem fazer ambos e os casais saudáveis articulam bem as duas habilidades.
Portanto, num relacionamento, não basta falar “eu te amo” se, na prática, você se mostra desastroso em administrar conflitos simples do cotidiano.
Amor e uma cabana não funciona, só em conto de fadas.
Na prática de um casal, precisa haver contexto, dinheiro, cultura, estudo, viagens, lazer, trabalho, tempo de casal, tempo individual, amigos, família e assim vai. Quanto maior a riqueza de diversidade de um casal mais bases positivas eles encontram para crescer em conjunto.
Amor e logística são complementares. Parece que isso falta no seu relacionamento. Ela fala, mas falta ação. Sobra descaso.
Agora você já tem muitos elementos para refletir e se questionar se quer seguir nessa relação ou não.
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