Na era virtual, muitos estão praticando yoga sob o controle do ego.

O que se difundiu como prática de yoga, ou seja, a prática de posturas, trouxe inúmeros benefícios, mas também secundarizou a parte mais importante do Yoga. A prática de posturas tem um apelo no mundo de hoje: é bastante instagramável já que modela a musculatura e cria uma geometria linda e fotogênica.

Porém, por trás, há o fundamento, aquele que não aparece, pouco se fala, mas sem o qual nada de verdadeiro pode ser construído em cima.

Hoje o que se vê, são muitas pessoas que se dizem “praticantes” de Yoga, mas na verdade, apenas querem ser vistas desenvolvendo algumas posturas “instagramáveis”.

Nesse sentido, percebo que algumas pessoas nessa era vrtual, estão tentando transformar o Yoga em algo fútil.

Às vezes, me pego pensando o que estaria Patanjali, o criador do yoga, como o conhecemos hoje, ao observar a nossa relação com o Yoga no século XXI.

Ou o que estaria dizendo Osho hoje sobre as redes sociais com a sua língua ferina. “O ego é uma ficção útil” disse ele: útil somente na medida em que é usado como uma ferramenta, mas extremamente perigoso quando a consciência vira escravo dele.

Nos tempos de hoje, fica ainda mais fácil esquecer ou subestimar o fundamento do Yoga. Isso contribui ainda mais para entregar ao Ego o controle da consciência.

Esse alicerce é o que Patanjali chamou de Yamas e Niyamas, as dez prescrições éticas do yoga e de onde parte o Yoga de 8 passos, conforme foi descrito nos Yoga Sutras.

E por que é fácil desconsiderar os passos éticos em uma aula de Yoga ou na nossa prática do dia-a-dia? Já percebeu que é fácil esquecermos uma tarefa importante, porém árdua?

Também, o Ego, astuto como é, se apropria até das melhores intenções. E confunde prioridades, por exemplo, colocando a prática de Yoga como algo a ser postado e não praticado, de fato.

Praticar yoga é muito mais amplo do que apenas realizar algumas posturas corretamente, é preciso transpor a necessidade do ego de ser admirado e visto, é preciso mergulhar no silêncio e encontrar o sentido da introspecção e sentir a própria transformação interior.

Certamente, não há como postar práticas éticas verdadeiras, só podemos vivê-las.

Nessa era virtual onde muitos querem ser vistos, reconhecidos e admirados, estamos perdendo a capacidade de refletir mais profundamente a respeito do que realmente importa.

Não é sobre postar uma foto bonita realizando uma postura de Yoga para receber muitos likes, é sobre conectar a mente, o coração e o corpo em um todo harmônico para o nosso próprio bem, e estando em equilíbrio, promover ações para o bem de todos.

*DA REDAÇÃO RH. Foto de Conscious Design na Unsplash

VOCÊ JÁ VISITOU O INSTAGRAM E O FACEBOOK DO RESILIÊNCIA HUMANA?

SE TORNE CADA DIA MAIS RESILIENTE E DESENVOLVA A CAPACIDADE DE SOBREPOR-SE POSITIVAMENTE FRENTE AS ADVERSIDADES DA VIDA.








Professor de Yoga, RYT 200 em Yoga Alliance, foi professor na Universidade de Brasília, idealizador do Movimento Ahimsa e dedica-se a estudar o ser humano. Investiga com profundidade filosofias orientais e ocidentais, religião, meditação, psicanálise, história, antropologia e outras disciplinas. Titulou-se mestre em sociologia pela Universidade de Chicago onde estudou o desenvolvimento de religiões ditas "heterodoxas" no Brasil, é pesquisador do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito - CPAH e membro da sociedade de alto QI Mensa.