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Gênios dizem “não sei”, tolos inventam respostas.

Você acha que o governo é legítimo? E a camada de ozônio, que barra… Será que as Olimpíadas acontecem mesmo? E a duplicação da BR que está parada, sai quando? Nestes tempos em que perguntas surgem como avalanche e respostas sensatas como um oásis, passei alguns dias observando como as pessoas pararam de admitir que simplesmente não sabem das coisas.

Ouvi absurdos sobre temas que conheço simplesmente porque fiz uma pergunta técnica a alguém que não sabia o que estava respondendo, mas tinha que manter a sensação de saber. Inventei discos que o Cauby Peixoto não lançou para que as pessoas dissessem “nossa, eu ouvi, sim, é maravilhoso!”. Reparei que muitas vezes o “tenho certeza que ele pensou ou agiu assim” é uma forma enrustida de mostrar que a suposição é menos pior do que não saber ou não opinar.

“Não sei” é quase um fim de assunto. Porque quando admite desconhecer aquilo ao ponto de concordar ou discordar, defender ou acusar, e não pergunta algo em seguida, a pessoa está demonstrando que a falta de informação não tira o seu sono ou aumenta a sua ansiedade com a vida. Quando o “não sei” é seguido de “como é?”, por outro lado, este alguém está mostrando que tem humildade para admitir que não sabe de tudo no mundo e aumenta ainda mais a importância de que, quem o explica sobre aquilo, saiba do que está falando.

Nestes últimos três dias, ouvi pouquíssimas vezes pessoas dizendo que não sabiam. E olha que fui a reuniões, encontros com alguns grupos, monitorei alguns grupos de WhatsApp e até conversas privadas no Facebook entraram no meu radar.

As que pronunciaram as tais palavras, por outro lado, percebi serem as pessoas mais geniais que eu conheço. Acho que elas entenderam que não saber é infinitamente melhor do que inventar, mentir e falar qualquer coisa. Não é feio, não é errado, não ofende ninguém – enquanto a mentira disfarçada de informação pode ofender muita gente.

É impossível que você saiba tudo. O espelho te diz isso, o mundo sabe disso. Então, como seria se, só por um dia, você decidisse dizer que não sabe todas as vezes em que não tiver certeza? Vai exigir monitoramento com afinco, já que a opinião vã muitas vezes sai sem querer. Talvez você se sinta absolutamente vulnerável num primeiro momento, mas também pode ser que você perceba como isso te faz mais forte. Ou não. Não sei.

Marina Melz

É jornalista e trabalha com assessoria de imprensa.

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