Forte é aquele que consegue por fim a uma injustiça de forma não-violenta. É PRECISO APRENDER A DOMINAR O ÍMPETO DE AGREDIR OS OUTROS! A Não-Violência é o primeiro passo para uma vida mais integrada.

O yoga inicia suas prescrições com dois passos éticos: yamas e niyamas. Antes de se pensar em posturas, respiração ou meditação, o yogi deve dominar-se (yamas) e abster-se de errar com o outro (niyamas).

Cada um desses passos oferece 5 recomendações:

O primeiro yama, ou seja, o primeiro é ahimsa (pronuncia-se “arrímsa”) ou não-violência.

Ahimsa é a capacidade de dominar o ímpeto de machucar ou agredir o outro, seja fisicamente, com palavras, com gestos ou até mesmo com intenções.

Como o yoga apreende toda a criação como divina, essa prescrição se estende também à natureza humana. Nós, mulher e o homem somos parte da natureza.

Gosto de definir Ahimsa como um estado de não-ativação, não-reatividade.

Entendo – talvez com ingenuidade – que nosso estado natural, relaxado e essencial é pacífico e amoroso. Porém, todos possuem reações instintivas que revelam as nossas dores.

A violência acontece quando estamos em situações de tensão, em modo flight or fight, de fuga ou briga.

Ou seja, a violência age como um fim específico e com um motivo específico. Ela consome aquele que a sente porque custa energia e desobedece ao estado de relaxamento.

A violência é cansativa e improdutiva. Qualquer sensação de bem-estar por meio da violência é temporária, como diria Gandhi.

Acrescento que necessitaria de constante reafirmação, ou seja, de constante mini violências para que permaneça um estado de prazer contraditório.

Como olhamos pouco para dentro, não estamos acostumados a lidar com o que sentimos, com os nossos traumas e por isso reagimos com violência para agredir os outros.

Algumas de nossas reações são intencionalmente para ferir ou agredir. Dessa forma, a reação violenta – inclusive a de legítima defesa – acontece porque estamos nos sentindo acuados.

Ou seja, a violência reage a uma sensação de fraqueza, insegurança ou abandono.

Forte é aquele que consegue se manter impávido e sereno diante de uma ofensa. Ou aquele que consegue agir para parar uma injustiça de forma não-violenta.

Aí estão Gandhi e Martin Luther King para provar que agir diante das maiores injustiças de forma não-violenta é possível. Talvez podemos relativizar o que se diz aqui nas raríssimas situações em que a legítima defesa seja necessária.

Não só o yoga fala de não-violência. O cristianismo raiz também.

Jesus foi enfático e claro ao prescrever o ahimsa. Disse:

“não resistais ao mal que se vos queiram fazer.”

Chegou ao ponto de sugerir que se ofereça a outra face quando esbofeteado e a oferecer a capa para o ladrão da túnica. Jesus Cristo deu o exemplo dessas prescrições e jamais agiu com violência, nem mesmo quando foi preso, torturado e assassinado. Também, por outro lado, jamais negou o que havia dito e enfatizou sempre sua verdade.

Ahimsa talvez seja a prescrição mais difícil do Yoga. Mais difícil do que qualquer postura intricada.

A prática do ahimsa escancara a porta da meditação. Nada muito complexo: Basta começar a agir com compaixão e, todos os dias, se colocar diante da vida e dos outros como um aprendiz.

Foto: Wikimedia Commons – Gandhi e Jawaharlal Nehru durante encontro do Partido do Congresso, Bombaim, janeiro de 1946.

*DA REDAÇÃO RH.

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Professor de Yoga, RYT 200 em Yoga Alliance, foi professor na Universidade de Brasília, idealizador do Movimento Ahimsa e dedica-se a estudar o ser humano. Investiga com profundidade filosofias orientais e ocidentais, religião, meditação, psicanálise, história, antropologia e outras disciplinas. Titulou-se mestre em sociologia pela Universidade de Chicago onde estudou o desenvolvimento de religiões ditas "heterodoxas" no Brasil, é pesquisador do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito - CPAH e membro da sociedade de alto QI Mensa.