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A educação vem do berço e não é uma licenciatura que a dá

Por: O MIRANTE

Quando era pequeno a profissão de sonho de António Oliveira era ser piloto de Fórmula Um porque a velocidade e os desportos motorizados sempre o entusiasmaram. Mas a vida nem sempre é o que sonhamos e António acabou por encontrar um trabalho que hoje o faz sentir realizado. É responsável pela área administrativa do Centro de Bem Estar Social de Santo Estêvão, no concelho de Benavente, e hoje não se vê a fazer outra coisa.

António, 59 anos, é o único trabalhador da instituição que ainda está ao serviço desde que a casa abriu portas, em 1985. É o único homem entre 22 mulheres. Diz, a brincar, que, ao contrário do que se possa pensar, isso “nem sempre é fácil”.

Homem de sorriso fácil, António nasceu em Santo Estêvão e foi lá que cresceu até ser chamado para o serviço militar. “Foi ótimo crescer aqui, não havia problemas de segurança, crescemos na rua, sem computadores e internet, brincávamos à antiga. Fizemos de tudo e aprendemos a viver com o que tínhamos. Não fui filho de pais ricos e sempre tive de me fazer à vida”, recorda a O MIRANTE.

Como fanático dos desportos motorizados começou logo desde cedo a querer ter uma mota e teve de trabalhar para ela. Ainda tem na garagem uma Suzuki clássica para sentir a adrenalina de vez em quando e nos tempos livres gosta de estar com a família, fotografar desportos motorizados e andar de karting. Nas férias trabalhava com um tio agricultor e adorava aquela vida. Na juventude ainda chegou a trabalhar nas obras em Arruda dos Vinhos.

“O meu primeiro emprego foi na Casa do Povo de Santo Estêvão, nos serviços administrativos, não estive lá muito tempo, apenas em substituição de uma pessoa que não podia trabalhar nessa altura. Posteriormente fui trabalhar para uma empresa que era da minha sogra, ligada à área da metalurgia e metalomecânica. Depois fui cumprir o serviço militar e de seguida, quando saí, já não quis trabalhar na família. Não quis misturar as coisas. Os trabalhadores viam-me sempre como alguém que era protegido da administração”, recorda.

António decidiu voltar a Santo Estêvão para trabalhar numa fábrica de móveis, entretanto falida. A distância da viagem levou-o a querer sair e a procurar emprego perto de casa. Foi nessa altura que percebeu que o Centro Social estava a recrutar pessoas para o início do projeto e candidatou-se. Nunca mais saiu.

“Inscrevi-me porque queria estar mais perto de casa e da família. Na altura perdi salário, porque ganhava mais onde estava, mas ficava perto. Fui aceite, entrei para cá com mais cinco colegas e fui ficando. Hoje sou o único daqueles primeiros trabalhadores que entraram que ainda resiste”, explica.

O trabalho de António consiste em acompanhar o dia-a-dia da instituição, tratar dos salários e dos pagamentos e manter a contabilidade na linha. “É um trabalho cansativo mas que me preenche”, confessa.

O boom imobiliário e a recessão

“Há uns anos, antes da crise, Santo Estêvão vivia um “boom” de crescimento imobiliário. Muitas casas a construírem-se e viviam cá desde ministros a banqueiros e desportistas. Mas, infelizmente, depois muitos abandonaram a zona porque programaram as suas vidas para determinados rendimentos que depois não conseguiram ter”, refere.

Para António Oliveira uma das coisas que o tira do sério é a má educação. “As licenciaturas não dão educação a ninguém. A educação vem do berço. Ou a temos ou não. Não se aprende”, defende. Diz que gostava de afastar os netos dos computadores e dos ecrãs para que não fiquem demasiado vidrados no mundo digital.

“Nunca fui um sonhador, sempre tive os pés bem assentes no chão, sabia ao que ia. Adoro estar com os meus amigos. Um dos grandes prazeres que tenho é fazer uma refeição com eles. Sou capaz de passar um dia inteiro à mesa com amigos. A amizade é algo que eu prezo, nunca traí um amigo nem nunca o farei. A amizade é sagrada”, conclui.

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