Devemos viver um amor de corpo, alma e sentimentos, porém não podemos entrar em estado de anulação diante da nossa própria vida ou permitir que esse romance seja possessão.

Os relacionamentos são caixinhas de surpresas, alguns vão acontecendo aos poucos e outros chegam de repente. Alguns, aparecem sem muita intensidade, vontade e depois de um tempo se descobre um grande amor, enquanto que alguns queimam paixão, desejo e entrega imediata. Coisas do amor não tem como medir e muito menos prever, apenas acontece porque é sentimento.

Quando entramos em um relacionamento, vivemos os primeiros meses em estado de graça e em êxtase de sentimentos. Uma euforia de emoções tomam conta dos dias, e quando percebemos estamos ali, na cena de um romance. Não tem nada mais gostoso do que sentir apaixonada, é verdade. Devemos viver um amor de corpo, alma e sentimentos, porém não podemos entrar em estado de anulação diante da nossa própria vida ou permitir que esse romance seja possessão.

Viver um relacionamento não tem a necessidade de afastar dos amigos, deixar as coisas que gostava de fazer, e mudar a rotina para ficar compatível com a agenda dele. Não precisa nada disso, porque se isso acontecer, é dependência e não é amor. O amor não se importa com dedicação total, mas sim com a entrega verdadeira entre os dois. Amigos, trabalho, família e vida pessoal não atrapalham um relacionamento, o que não dá certo, é simplesmente se abandonar nos braços dele e não ser mais você.

Se você vive um amor dependente e solitário, que existe apenas vocês dois e mais ninguém, isto se chama prisão. Duas pessoas que se amam precisam ter suas vidas pessoais paralelas, porque faz o relacionamento amadurecer, e os dois descobrem que a vida está além de ficarem grudados um ao outro.

Essa possessão faz com que os dias se resumem na falta de diálogo entre o casal. Aquela obsessão em querer saber onde foi e com quem está, as brigas bobas por qualquer atraso mínimo e desconfianças, costumam melar ou passar do ponto o relacionamento.

Ninguém nasceu para ficar junto o tempo todo. Ninguém suporta um relacionamento em que ficar juntos é uma regra, porque um casal perfeito precisa de dedicação e de fidelidade garantida. Um casal para viver uma união harmoniosa e perfeita, precisa que saem sozinhos com os amigos para momentos de descontração, precisa de fazer programas com a família e os colegas de trabalho sem a dependência um do outro.

Se há necessidades de apossarem um do outro, se há sufocamento, se há isolamento, se há dependência, aí existe dor, e algum dos dois não está feliz, certamente. É muito difícil ver casais felizes quando há submissão e alienação. Entregar e doar são segredos para dar certo, mas quando há pressões, fica provado que não é amor, é apenas um desejo de possuir e nada mais.

Amor não é prisão, não é cativeiro, não é posse. Amor é liberdade de ser quem você é. Amor é sentir feliz por fazer parte um da vida do outro, mas sem o isolamento imposto por ciúmes excessivos ou mania de apropriação. Amor é libertação.

Os relacionamentos são processos, são etapas, é viver o dia a dia com suas surpresas e improvisações. Ninguém descobre o amor do dia para a noite, porque é para se viver uma vida, então não existe pressa. Se esse amor tentar te surpreender com imposições, chantagens e posse, é melhor você ir embora, porque pode ir te magoando aos poucos até te enlouquecer.

Quando se trata de sentimentos, não existe bula, receita ou contra-indicações, então, o jeito é viver intensamente, só não pode é se envolver com pessoas que são sinônimos de problemas, porque aquele encanto acaba virando feitiço.