“Se você estiver atravessando o deserto, só tem um jeito de sobreviver…continue andando. Não pare. Não dá para voltar, pois além do caminho incerto da volta, aquele lugar não mais existe como você o conhecia.

Não dá pra parar, pois sucumbiria ao calor e morreria em pouco tempo. A esperança em cada passo é capaz de nos levar cada vez mais longe.

Ignore os abutres, eles apenas fazem parte dessa paisagem inóspita e transitória. Prefira dar atenção às miragens pois apesar de abstratas alimentam seu desejo e impulsionam mais alguns passos.

Agradeça os goles de água que eventualmente alguém lhe der no seu caminho. Às vezes estamos tão inebriados pela sede e calor que um simples “obrigado” parece não ter forças para se manifestar. Mas a gratidão é a mãe de todas as dádivas. Permita a sua presença quando a solidão lhe parecer a única companhia possível.

Se for surpreendido por uma tempestade de areia, pode fechar os olhos, mas apenas por breves instantes, pois é essencial que estejas atento a todos os sinais que poderão surgir lhe indicando o caminho a seguir. Somente você será capaz de reconhecê-los.

E, independente da vastidão deste terreno árido, confie em você, pois são as suas pernas e a sua força de vontade que te levarão adiante.

O deserto também é finito e em algum momento a miragem se revelará um feliz equívoco. Não acreditará no início, mas verá que os grãos de areia ficaram para trás.

A secura na sua boca, as rachaduras na sua pele já encontrarão seu afago. Será tempo de ver o sol como cúmplice do seu aprendizado… e reconhecer na sombra o mérito de sua vitória.

O deserto ficou para trás…








Patricia Oliveira Lima Pessanha, nascida em Petrópolis/RJ, atualmente residente em Santos/SP. Cultua bons livros, boa música, cinema, humor inteligente e se diz uma eterna aprendiz. Tem dentre seus hobbies explorar seu lado criativo, em especial através da escrita, buscando convidar o leitor à reflexão e contribuir para um mundo melhor, ainda que de forma singela.