Estava aqui refletindo sobre esse tal de responsabilidade emocional. Me importa me colocar no lugar do outro e não fazer com o outro aquilo que não gostaria que fizessem comigo. Mas esses dias me perguntei se valia mesmo a pena se importar tanto com o outro enquanto os outros pouco se importam com você? Pra ser sincero, das pessoas com quem me relacionei nos últimos anos não dá pra contar numa mão as que se preocuparam comigo, emocionalmente falando. Talvez uma, ou no máximo duas. E isso me trás um certo desconforto em saber e sentir na pele o quão trágico é a realidade dessa geração.

Já se afastaram de mim sem sequer dizer um “tchau”, outros sumiram porque encontravam algo mais interessante pra se ocupar. Já me fizeram se envolver, me prometeram ficar e no final de tudo, foram embora sem sequer agradecer o que foi vivido. E você fica num vazio, achando que tudo o que você deu não valeu de absolutamente nada. Outras pessoas me envolveram numa bagunça pra tentar se curar de algum ex, já me usaram como tapa buracos e voltaram com o ex quando perceberam que eu não iria funcionar como segunda opção. Já despertaram em mim uma vontade de ficar e quando cansaram de me usar, disseram que seria melhor eu ir embora. Já conheci aqueles que queriam somente um passa-tempo e de verdade, eu não me importo se as pessoas estão disponíveis pra algo sério ou se só estão dispostas a chegarem ao orgasmo. Basta ser sincero e transparente, sabe? Dizer o que quer e o que sente. Isso é ser responsável.

Você não precisa ficar se não quiser, não precisa assumir uma relação se não tiver vontade e nem precisa continuar com alguém se você perdeu o interesse. Basta dizer, é gratuito e não dói nadinha. O fato é que pessoas vão sumir quando você não tiver mais o que oferecer a elas, e muitas sequer vão dizer quando estiverem pulando fora. Você vai precisar decifrar os códigos, até entender sozinho que o outro já não está mais ali, que você está só e precisa seguir agora. Doeu entender isso, mas é um fato.

Mesmo que você não queira se relacionar e tenha se cansado de se entregar, haverá alguém que vai te fazer se sentir mais leve e assim, permitir que você mergulhe cada vez mais. Você mergulha e o outro some. E então você se pergunta: “por que caralhos alguém permite que entre em sua vida se esse alguém vai te expulsar de lá e jogar a chave fora?”

Mesmo que você não queira nada sério, mesmo que você só pense viver o momento e deixar as coisas rolarem naturalmente, haverá alguém que vai te dizer o quanto você é especial, vai te fazer se sentir único e importante e depois te falar: ”eu não estou preparado pra algo sério”.

Você se preocupa com o outro, se importa com o sentimentos alheio e tudo que deseja é não machucar a outra pessoa, até que essa pessoa simplesmente te trata com indiferença, abandona o barco e te deixa sozinho indo a um destino que você nunca quis ir mas só topou seguir a viagem por pensar que o outro não teria capacidade de sumir e te deixar só, sem nenhuma explicação. Daí você se vê obrigado a voltar a pisar no chão.

Eu sou sempre aquela pessoa que está pronta pra esclarecer as coisas, pra agradecer pelo que foi vivido e desejar boa sorte. Sou sempre o sujeito que se importa com o outro e por isso, prefere dizer o que sente, o que se passa, em vez de sumir gradativamente. Sou sempre aquela pessoa que percebe o outro diferente, agindo com indiferença e me tratando como se quisesse acabar tudo mas não tem coragem de dizer, eu digo porque tenho pavor em sumir da vida de alguém sem uma breve despedida. Sou quem fica sem respostas, que percebe o sumiço, e por isso vai lá e esclarece logo o que precisa ser esclarecido. Nunca são responsáveis com o que sinto e isso me faz pensar em deixar de ser também. Mas daí percebo que ter responsabilidade não é sobre os outros, é mais sobre mim, sobre quem sou e o que sinto.








Sou recifense, 24 anos, apaixonado por cafés, seriados e filmes, mas amo cervejas e novelas se houver um bom motivo pra isso. Além de escrever em meu blog pessoal e por aqui, escrevo também no blog da Isabela Freitas, sou colunista do Superela e lancei o meu primeiro livro em Novembro de 2014 pela Editora Penalux. .