Depois do divórcio vem o recomeço… A primeira fase pós-divórcio é complicada. A culpa, raiva, medo… tanta coisa junta que não dá pra pensar em sapatos, maquiagem ou qualquer coisa do tipo. Não dá vontade nem de sair da cama, quanto mais chamar a atenção para nós mesmas. “Deixa a gente sofrer quietinha, por favor?” Parece que a gente não merece ser amada…

Depois o mundo começa a nos cobrar que voltemos para ele. O trabalho, a família, os amigos, as crianças precisam de atenção. Enxugamos as lágrimas, levantamos da cama e, nos intervalos das tarefas, consertamos o coque no cabelo, para não parecer tão desgrenhada quanto a cara de choro. Nosso travesseiro vive molhado.

Depois de um tempo, e com muito incentivo, começamos a dar pequenas saídas a um café ou uma caminhada na praia. Sempre rápido. Nossa casa é nossa zona de conforto. Notamos que o nosso corpo mudou um pouco e pensamos: “E daí? Ninguém mais vais olhar!” Cobrimos um pouco mais. A vontade de se esconder é imensa.

Aos poucos, vem uma necessidade de cuidar um pouco de si mesma. Sem exagero. Só pra desviar um pouco e atenção do fim gritante. Pilates , yoga… horas com a terapeuta. “Talvez eu esteja melhorando…” ainda muito insegura para sair e ver o mundo como solteira. Solteira? Solteira! Solteira. Não estava nos planos…

Passa um cara na rua e nos dá um sorriso, sem nem ligar para o cabelo desgrenhado ou a roupa escura. Damos até aquela olhadinha para o lado, como quem se pergunta se é com você mesmo. É.

Chega em casa, olha-se no espelho e percebe que aquele estranho foi um lembrete discreto de que você está viva. Você é mulher!

Um pouco mais de atenção à roupa no outro dia. Mas nada demais. A libido não voltou mesmo. “Será que volta?” Mas não custa nada se arrumar… um batom discreto, um vestido que não usava há muito tempo… ficou bom. As lembranças ainda vivas, mas não como antes. Porém, não há espaço para mais nada… tarefas, filho, contas, trabalho… Quanto mais, melhor. Ocupa a mente.

Um dia você decide arrumar a casa e livrar-se do passado. Ele não cabe mais ali (visível ). E então percebe o quanto o passado ocupava espaço em sua vida. Mudança de planos: “Vamos repaginar a casa e o guarda-roupas”!

E nessa sede de mudança vem uma alegria que você não sentia há muito tempo. Uma vontade de experimentação na casa, no corpo, na vida… por que não? Mas junto com essa vontade vem um medo insuportável de que o novo lhe traga velhas feridas. Um passo para trás…

Nesse estudo sobre você mesma, aprende a lidar com o medo, a insegurança, a tristeza… percebe que não precisa dar longos passos de uma vez. “Vamos devagar, mas vamos, ok?” Diz aquela voz.

Então, você sente muita alegria de viver novamente. Parece que o mundo tinha perdido a cor e está ressurgindo agora. Tudo é amor, tudo é paz, tudo é felicidade! E então, surge um cara. Não dá em nada. “Talvez esteja muito cedo”.

Então, um outro, e outro. Até que um dia você perde o medo e resolve jantar. Deixando claro que é sem compromisso. Não rola nada.

Depois você conhece outra pessoa e outra. Até que perde o medo e resolve dar outros passos. Sim, eu sei que dá medo. Mas, e daí? Não precisa deixar tatear seu coração. Não ainda… quem sabe? Talvez seja a hora… é! É hora de amar de novo! Amar e ser amada!

Amiga, não sei em qual fase você está. Eu passei por elas. Devagar, por todas elas. Separar dói. Muito. Mas, vai passar. Tudo no tempo certo.

Cuide de você, ame-se, respeite-se, aceite-se e tenha a certeza de que você merece ser amada!








Toda mulher merece a chance de recomeçar e ser feliz! ? Autora dos livros: "O diário da Ana"; "Do fundo do poço ao topo da montanha"