O amor é engraçado. Ele existe em diversos tipos e formatos. Acho que tem gente que passa a vida inteira conhecendo apenas uma forma de amor. Algumas pessoas só conhecem aquele amor morno, digamos assim. Aquele amor que não está lá, nem cá… Que fica no meio do caminho. Não é ruim, mas também não é incrível, sabe?

Fico assustada por essas pessoas. O que será que elas sentem quando veem aqueles personagens apaixonadíssimos nos filmes? Ou quando saem com aquele casal de amigos que transparece sentimentos em cada gesto?

Outro dia, conversando com uma amiga, falamos exatamente sobre isso. Tanto eu quanto ela já tínhamos vivido aquele outro tipo de amor: que te acelera completamente. O amor que não fica no meio do caminho, que está sempre nas extremidades. Que é uma montanha-russa incrível o tempo todo.

E justamente falando sobre isso, paramos para pensar sobre o que acontece depois que temos a chance de sentir um amor desses. As pessoas que só viveram amores mornos provavelmente estão acostumadas com isso e, a não ser que corram atrás de algo diferente, continuarão estagnadas naquele universo. Para elas, aquela é a forma máxima de amor. Mas como ficam as pessoas como nós? Que já experienciamos um amor que nos acelerar, que nos provoca frio na barriga o tempo todo, que nos faz passar noites em claro, que nos vira e desvira o tempo todo.

Para pessoas como nós é impossível aceitar qualquer coisa menor do que isso. Depois que somos acelerados por alguém, não nos contentamos com pouco. Aliás, nos tornamos muito mais exigentes e fica até difícil de nos apaixonarmos novamente. Não aceitamos menos do que aquilo que já nos fizeram sentir. Afinal, era tão bom. Não queremos simplesmente um amor morno para dizer que temos um amor. Não é o suficiente. Precisamos de extremidades, de intensidade fora da curva. Precisamos de algo que nos prove que aquele sentimento é vivo.

Realmente não sei o que as pessoas dos amores mornos sentem ao verem os outros vivendo o máximo de seus sentimentos. Provavelmente devem nos achar malucos. E talvez sejamos. Nosso amor não é seguro. Ele vive na corda bamba. Quase cai, mas se segura. E por mim tudo bem, pois prefiro viver um amor desses do que milhões daqueles mornos. Eu continuo precisando de alguém que me acelere todos os dias. Alguém que não me deixe esquecer qual é o propósito de compartilhar a vida com alguém. Depois de ter sido acelerada, acho difícil me contentar com alguém que não acompanhe o meu ritmo. Afinal, o amor existe para nos manter vivos e em contínua transformação. Afinal, o amor move o mundo.








Bruna Cosenza é paulista e publicitária. Acredita que as palavras têm poder próprio e são capazes de transformar, inspirar e libertar. É autora do romance "Lola & Benjamin" e criadora do blog Para Preencher, no qual escreve sobre comportamento e relacionamentos do mundo contemporâneo.