Recentemente, no Senado Federal, iniciou a CPI das Bets, onde Virginia Fonseca prestou o seu depoimento. A influenciadora negou qualquer envolvimento com esquemas de lucro sobre perdas de apostadores.

Com mais de 53 milhões de seguidores no Instagram, Virginia é uma das maiores figuras da publicidade digital no Brasil e tem sido alvo de questionamentos por contratos milionários com casas de apostas online.

O depoimento faz parte da investigação da comissão parlamentar que busca entender como as plataformas de apostas afetam o orçamento das famílias brasileiras e se há conexões com crimes como lavagem de dinheiro, publicidade enganosa e exploração de vulneráveis.

Virginia diz que recebia valor fixo por publicidade com bets

Em seu depoimento, Virginia afirmou que os contratos firmados com casas de apostas, como Esportes da Sorte e Blaze, previam pagamento por campanha publicitária, e não por desempenho ou perdas de jogadores.

“Nunca recebi nada sobre o que meus seguidores perderam. O pagamento era fixo, e havia uma cláusula que me daria bônus apenas se o lucro da empresa dobrasse. Isso nunca aconteceu”, explicou a influenciadora.

A declaração vem após reportagem da revista Piauí revelar que Virginia teria recebido um adiantamento de R$50 milhões e uma cláusula contratual que previa o recebimento de 30% sobre as perdas dos apostadores que acessassem a plataforma por seu link.

De acordo com ela, a cláusula foi mal interpretada e tratava apenas de uma meta de desempenho comercial, não de repasse por perdas individuais.

CPI investiga influência de celebridades nas apostas online

A CPI das Bets foi instaurada para apurar a crescente presença de influenciadores digitais e celebridades no marketing de casas de apostas, um setor que movimenta bilhões de reais e tem atraído milhões de brasileiros, especialmente jovens.

A relatora da comissão, senadora Soraya Thronicke, afirmou que Virginia foi convocada por ser uma das principais vozes da internet no país. Portanto, ela afirma que sua atuação tem influência direta sobre o comportamento de consumidores.

Virginia defendeu-se dizendo que seu papel é o de publicitária e não de operadora das plataformas.

“Se tudo isso é tão nocivo, então por que está sendo regulamentado? Ou proíbe tudo, ou permite com regras claras. Eu nunca aceitei fazer publicidade para bets irregulares”, afirmou.

“Tudo tem bet no Brasil hoje”, afirma influenciadora

Durante o depoimento, a influenciadora também apontou a onipresença das apostas no cenário brasileiro. Dessa maneira, ela menciona que times de futebol, emissoras de TV e eventos esportivos também recebem patrocínio dessas empresas.

“O meu trabalho é publicidade. Se for decidido que precisa acabar, tudo bem. Mas tem que chamar os clubes, os eventos, os canais de TV. Porque tudo tem bet no Brasil hoje”, declarou.

Ao ser questionada se deixaria de anunciar plataformas de apostas no futuro, Virginia disse que “vai pensar”. Contudo, destacou que segue a legislação vigente e declara todos os seus contratos à Receita Federal.

Contratos milionários e sigilo contratual

Apesar de negar qualquer irregularidade, Virginia aceitou entregar à CPI o contrato com a Esportes da Sorte — o documento, porém, ficará sob sigilo. Ela também evitou revelar o maior valor já recebido por campanhas de apostas, porém, confirmou que atualmente possui contrato com a Blaze no valor de R$29 milhões por ano.

A influenciadora reforçou que sempre deixa claro, em suas publicações, que jogos de apostas envolvem riscos, são proibidos para menores de 18 anos e exigem responsabilidade.

O que está em jogo na CPI das Bets

A comissão investiga se a publicidade massiva feita por celebridades tem estimulado comportamentos compulsivos e causado prejuízos financeiros a famílias brasileiras, especialmente em comunidades mais vulneráveis.

Além de Virginia, outras celebridades citadas pela reportagem da Piauí também estariam sendo analisadas pela CPI. Entre elas, Gkay (R$1,4 milhão por mês), Carlinhos Maia (R$40 milhões ao ano) e Cauã Reymond (R$22 milhões), todos vinculados a empresas do setor de apostas.

Imagem de Capa: Virginia Fonseca