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A vida se encarregará de explicar as coisas que não fazem sentido agora

É com o tempo que a gente volta a respirar sem pressão, a sorrir sem dissimulação, a lembrar sem angústia, porque percebe que muito do que se foi só serviu para o nosso bem, para o nosso melhor.

Quantas e quantas vezes achamos que perdemos o que era o mais importante em nossas vidas e, passado um tempo, percebemos que vivemos bem, muito melhor até, sem aquilo? O hoje nos ilude, pois o que é imediato muitas vezes nos impede de pensar no longo prazo, no futuro, fazendo-nos acreditar que temos tudo o que está aqui e agora. Pura ilusão.

Sim, teremos que continuar, muitas vezes, sem algo que nos era essencial, longe de lugares e de pessoas que fazem muita diferença em nossa jornada, porque tudo pode mudar em um piscar de olhos. A vida nunca será uma constante, nada permanecerá imutável, nem lá fora e nem aqui dentro de cada um – e isso é bom. A cada abalo, a cada tombo, somos levados a refletir e a pensar em novas formas de sobrevivência, tornando-nos mais fortes, mais gente, mais humanos.

E, em meio a tantas mudanças, a tantos abalos e desconstruções de certezas, nosso dever será sempre tentar nos acalmar por dentro, à força, obrigados, para além da dor e da desesperança que essas tempestades carregam em suas nuvens de decepções. Quando estivermos bem no meio das ventanias, nada parecerá ter solução, nenhum raio de esperança parecerá permanecer em nossos corações. Ainda assim, confiemos na passagem do tempo, que então demorará uma eternidade, mas nada como o tempo a que se agarrar, sem que paralisemos em desistências demoradas demais.

Porque é no correr dos dias que as nuvens se vão dissipando, que a neblina se vai abrandando, desanuviando nossos olhos, descarregando de nossos corações as dores pungentes e trazendo, aos poucos, leveza aos nossos passos. É com o tempo que a gente volta a respirar sem pressão, a sorrir sem dissimulação, a lembrar sem angústia, porque percebe que muito do que se foi só serviu para o nosso bem, para o nosso melhor. E a paz que então sentiremos será de um prazer inenarrável.

Embora não seja fácil, atravessarmos as escuridões e o deserto de nossas dores sempre nos levará à conscientização de que a gente perde muito nessa vida, mas também acumula ganhos inegáveis, justamente com as coisas e as pessoas que a vida se encarrega, ela própria, de tirar de nosso caminho, para que ele se torne mais limpo e feliz. Aguardar a passagem do tempo sempre será o melhor a se fazer quando o hoje estiver insuportável e angustiante. Porque tudo há de se resolver, mesmo que à nossa revelia, tudo há de melhorar e todos haveremos de voltar a sorrir.

Prof. Marcel Camargo

Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.

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