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Vamos envelhecer, meu bem! E estou segurando a sua mão. Quando for dor, quando houver amor… não vou soltar.

Achei que nossa história daria um livro, meu bem… E a razão pela qual minhas crenças se conjugam no passado é a mais pura preocupação com os pretensos leitores da nossa história. Porque ela será longa. E só poderá ser contada num longa-metragem com muitas edições e cortes de detalhes que eu nunca quero esquecer.

Por isso vou fatiar esse bolo cheio de cerejas, em pequenas porções fragmentadas, impregnadas com um sabor intenso e marcante que sabemos tão bem como dar.

Fico imaginando que alguém lerá isso um dia, esperando um enredo tão doce que colocará em risco os diabéticos. Eles não devem fazer ideia dos sabores azedos e amargos que experimentamos no caminho para darmos tanto valor ao doce e transformarmos em cerejas os detalhes.

Vamos envelhecer meu bem… juntos. Eu posso afirmar isso porque te amo. E você me ama.
Não foi com um carro de som que você me disse isso e não foi escrevendo 2000 vezes num caderno que eu te demonstrei. Foi em cada minuto de dor e amor que fomos nos dando mais certezas. E quando nossa velhice chegar, existem coisas que não quero que se percam na nossa memória gasta. Então, quem sabe vamos nos sentar juntinhos e lermos as memórias as quais sempre me dedicarei?

Vamos nos lembrar de quando parecíamos inalcançáveis um para o outro. Quando eu via em você um ser humano incrível que me mostrava um mundo inteiro e você via em mim algum tipo de ser especial que não teria olhos para você. E lembrarmos que espiamos o interior um do outro, entramos nesse submundo de teorias e discussões sobre a vida e suas complexidades e foi o avesso um do outro que nos aproximou. O lado externo foi só… a cereja do bolo… Um bônus que é claro, tornou tudo mais fácil e agradável.

Vamos lembrar do encantamento que produzimos um no outro fazendo esse uso das palavras com tanta maestria, encaixando cada sílaba no seu devido lugar, fazendo-nos pensar que éramos as pessoas mais sortudas do mundo. Damos valor às expressões, à maneira como o outro piscava ou movimentava os lábios para sorrir ou dizer “te amo”. Anotamos na memória cada detalhe.

Vamos esquecer os pormenores amargos, sem jamais esquecermos que eles existiram e serviram para fortalecer o amor. Mas existiram. E doeram demais, porque faziam parecer o fim, faziam temer o fim e às vezes nos levavam a imaginar a vida dali em diante, por estradas separadas. Separados? Então a vida nos separou por tanto tempo, para nos presentar com o encontro e depois nos separarmos? Jogamos água limpa no jarro com água suja até que toda ela transbordasse e se tornasse limpa novamente. Não permitimos que nosso jarro ficasse impregnado por tempo demais…

Lembraremos como era fácil, por fim, nos amarmos. Os mesmos sonhos, os mesmos planos, às vezes nem sempre os mesmos, mas todos adaptáveis ao outro, medos diferentes que se uniam para fortalecer o sentimento que temos. Os mesmos desejos que sempre conversaram tão bem e foi fonte inesgotável da energia que sempre tivemos.

Vamos lembrar as noites em que ficamos sentados em silêncio, eventualmente interrompido por um gesto de carinho, e quem sabe a lembrança me traga a sensação nítida da sua mão por dentro da minha blusa enquanto eu escrevia, fazendo meu coração disparar e os pensamentos dissiparem pela distração que me causava. Serão muitas as lembranças de quantas coisas tivemos que recomeçar porque paramos na metade do caminho interrompidos por essa permanente necessidade de amar.

E foram tantas brigas. Tantas discussões banais que poderiam e deveriam ter sido evitadas e sequer cogitadas. Foram tantas dores e feridas abertas, mas nunca profundas demais a ponto de não cicatrizarem. E foram tantas reconciliações. E foram sempre tão carinhosamente intensas que já não saberemos por que brigamos tanto… Mas as reconciliações serão memoráveis.

Vamos envelhecer meu bem… Juntos. Eu vou segurar sua mão quando o amor for imenso da mesma maneira que segurarei quando a dor for intensa.

E no dia que sentarmos para lermos nossa história tentando resgatar nossas memórias, vou beijar sua boca com o mesmo amor que sinto hoje, talvez com menos vigor, os anos vão nos impor limitações, mas o amor será sempre imutável.

Estamos envelhecendo juntos, meu bem… Morrendo juntos todo dia um pouquinho mais. E eu estou segurando sua mão. Não vou soltar. Quando for amor, quando houver dor… não vou soltar. Nunca mais.

Ah! Vamos envelhecer juntos meu bem… Vamos, sim.

Luciana Marques

Sou mãe de um casal (lindo!), 35 anos, formada em Gestão Empresarial, gerencio uma Clínica Médica e escrevo por hobby e amor. Leonina de coração eternamente apaixonado, gosto de manter uma visão romântica sobre a vida. Humana, sou uma montanha russa de sentimentos e quando as palavras me sobram, escrevo. Minha alma deseja profundamente, um dia, apenas escrever

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