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Um dia de gratidão vale mais do que mil dias na amargura.

As coisas passam a ser tão automáticas em nosso cotidiano que, às vezes, nem percebemos o quão importante são e, consequentemente, deixamos de ter gratidão. Mas o mundo é repleto de milagres incorporados sutilmente ao nosso dia a dia. Desde o abrir dos olhos ao amanhecer até, novamente, deitarmos nossa cabeça no travesseiro à noite, inteiros.

Tem vezes que acordar muito cedo nos deixa irritado e, por isso, deixamos de reparar que temos uma cama confortável para dormir todos os dias e um emprego que nos dá sustento. Então, levantamos, tomamos o café fresquinho e delicioso para tirar a preguiça e nem nos damos conta do prazer desse momento porque temos me mente apenas no dia cheio pela frente.

E logo que saímos de casa o carro estraga. Esbravejamos, gritamos despautérios esquecendo o privilégio que é ter um automóvel. Então, chutamos o pneu do carro embravecidos sem lembrar que a roda foi uma das maiores invenções do homem. Não conseguimos ser gratos porque somos tomados pela raiva quando não pensamos em como era a vida quadrada. Aliás, graças à roda temos outras opções de condução quando falta um carro: ônibus, trem, táxi e até a perigosa motocicleta, entre tantos outros funcionamentos que se aplicam o girar.

Mesmo assim, bufando e estressados, chegamos ao trabalho exatamente quando falta luz. Acreditamos que estamos em um dia amaldiçoado, quando nem percebemos a dádiva que é o descobrimento da energia elétrica. Aliás, como as pessoas viviam sem luz? Isso significa um dia a dia sem geladeira, sem televisão e micro-ondas, ou qualquer eletrodoméstico.

A luz volta no escritório, mas o computador não liga. A vontade é de jogá-lo na parede se não levarmos em consideração que há alguns anos ele não existia. Nem o celular e nem o telefone fixo. Ficaríamos mais tranquilos se entendêssemos que antigamente nosso único meio de comunicação era a carta que levava dias para chegar até o destinatário. Já imaginou uma mensagem do WhatsApp levando 7 dias para ser visualizada? Ou chegar a um destino sem o aplicativo de mapas? Pois é, houve um tempo assim.

Mas saímos para uma caminhada e reclamos da chuva que fertiliza a terra e nos traz o alimento mais saudável. Dela também depende a energia elétrica recém citada e a água tão essencial para a humanidade. Mas o principal problema do mundo é que, ao esquecemos o guarda-chuva, vamos molhar o paletó ou estragar a escova. Então, a gente sente muita raiva, em vez de gratidão.

De qualquer forma, insistimos em ir até a lanchonete para enganar o estômago, mas um enjoo não nos deixa comer. Temos vontade de chorar sem perceber a perfeita funcionalidade do nosso corpo. Sem ser grato pela possibilidade de ver, ouvir, falar. Por ter um organismo que nos dá o prazer do toque, do gosto, do sensual e que funciona perfeitamente cumprindo suas principais funções de forma autônoma. Como respirar e bater o coração.

Chegamos em casa exausto dos problemas que não existiriam se estivéssemos no início do século passado. Colocamos furiosamente o telefone sem bateria para carregar e reclamamos porque vai demorar. Então, pinta uma mensagem de alguém desmarcando o compromisso. A gente urra e esquece o tanto de coisas boas que aquela pessoa já fez por nós. Briga com o pai, com a mãe, com o filho por bobagem sem agradecer a dádiva de ter uma família que nos apoia.

Reclamamos que nosso amor não vem nos visitar hoje, quando passar os outros dias da semana juntos é maravilhoso.
E assim vamos seguindo. Sem reconhecer os esforços do universo, sem entender o quanto a vida nos é generosa. E, principalmente, que, gratidão diária cria bênçãos diárias. Existem apenas duas maneiras de se viver. A primeira é reclamando de tudo, a segunda, como se tudo fosse um milagre. Escolha a sua. Obrigado!

Luciano Cazz

"Luciano Cazz é publicitário, ator, roteirista e autor do livro A TEMPESTADE DEPOIS DO ARCO-ÍRIS." Quer adquirir o livro? Clique no link que está aí em cima! E boa leitura!

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