Recentemente, um caso envolvendo um cão de serviço e uma viagem internacional vem chamando atenção nas redes sociais.

Um cão de serviço treinado por dois anos para acompanhar uma menina autista de 12 anos foi impedido de embarcar em um voo internacional pela terceira vez. A situação ganhou repercussão após a companhia aérea TAP negar o embarque do animal, mesmo com liminar judicial que autorizava a viagem.

A criança, que se mudou do Rio de Janeiro para Portugal com a família, sofre com a ausência do cão, chamado Tedy. O animal é parte essencial da rotina dela, atuando como apoio emocional e auxiliando na prevenção de crises sensoriais.

Desde a separação, a menina tem apresentado episódios de instabilidade emocional e aumento de sintomas relacionados ao transtorno do espectro autista (TEA).

Treinamento especializado

Por dois anos, Tedy passou por um intenso treinamento para se tornar um cão de serviço. Portanto, ele é capaz de obedecer a comandos específicos e foi preparado para enfrentar voos longos, inclusive ficando até 24 horas em jejum, como forma de evitar necessidades fisiológicas durante o trajeto. Ele já viajou anteriormente com a menina, acomodado aos pés do assento, sem oferecer qualquer risco ou desconforto a outros passageiros.

Impacto emocional

De acordo com os especialistas, a ausência de um cão de assistência pode desencadear um agravamento dos sintomas em pessoas com TEA. “A separação pode gerar estresse, irritabilidade e até crises comportamentais”, explica o psiquiatra Fábio Pinato Sato, especialista em autismo.

A família relata que, após mais de 40 dias sem o cão, a menina voltou a apresentar crises frequentes. A situação é agravada pelo fato de que ela se comunica apenas por meio de um aplicativo, o que dificulta ainda mais a compreensão de seus sentimentos diante da ausência de seu cão.

Companhia aérea se nega a cumprir decisão judicial

Apesar de uma liminar que garantia o embarque do cão na cabine junto à irmã da menina, a TAP se recusou a permitir a viagem do animal. A empresa alegou que a pessoa que necessitava do acompanhamento – no caso, a própria menina – não estaria no voo naquele momento. Então, permitir o embarque do cão colocaria em risco a segurança do voo.

A família contesta a alegação e reforça que Tedy não pode ser transportado como carga, já que o animal não aceita ser manipulado por estranhos e pode sofrer estresse extremo se separado de seus tutores.

Durante a confusão, um dos representantes da companhia chegou a ser autuado por desobediência, e o voo precisou ser cancelado.

Em nota, a TAP afirmou que segue protocolos rigorosos para garantir a segurança dos passageiros, mesmo diante de ordens judiciais.

Certificado expirado e incertezas

No domingo (25), o Certificado Veterinário Internacional (CVI) de Tedy expirou, o que impossibilita novas tentativas de embarque até que um novo documento seja emitido. Enquanto isso, a menina continua sem seu companheiro de apoio emocional e a família busca alternativas para solucionar o impasse.

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