Dependências afetivas em homens com transtorno de personalidade borderline.

Torna-se muito difícil para os sujeitos borderline encontrar um sentido na vida, a falta de entendimento de si mesmo faz com que eles tenham uma necessidade doentia de estar em um de forma dependente e simbiótica. Hegenberg (2007, p.60) afirma que o tema central que envolve o borderline é o pavor, a angústia da perda do objeto. Assim, o sujeito border faz de tudo para não ser abandonado. Uma relação amorosa retrata um vínculo, frequentemente de duas pessoas onde o percussor é o amor.

Viver em um relacionamento amoroso não é tão simples quanto parece ser, para se ter uma relação íntima com qualidade, é preciso ter compreensão das necessidades do parceiro (a), ter uma base no relacionamento, estar disposto a compartilhar uma vida com o companheiro (o). No entanto, é a atuação de preservar uma relação, onde existe o sentimento de amor envolvido como utra pessoa.

Geralmente as pessoas quando estão dispostas a estabelecer uma relação afetiva com alguém, pretendem buscar a satisfação das suas próprias vontades e expectativas. Renz (2011) afirma que a busca de uma estabilidade amorosa é compartilhada por muitos, demonstrando as tentativas de um relacionamento amoroso que proporcione o que muitas pessoas pretendem: a satisfação de poder constituir uma família, dividir as alegrias e dificuldades do cotidiano com a pessoa da sua escolha.

A procura de uma realização amorosa ocupa o imaginário de uma grande parte dos indivíduos. De acordo com Campiglia (2013) atualmente a sociedade é individualista e consumista, onde tudo pode ser considerado descartável, valorizando mais o “ter” e não o “ser”, esse aspecto impossibilita a continuidade da relação, e o crescimento do amor. O capitalismo tem como conceito a competição, inviabilizando o amor, e a cooperação. Infelizmente as relações amorosas estão sofrendo com a influência do capitalismo. A base de toda relação amorosa é a cumplicidade, o
companheirismo. A disfunção borderline afeta os dois gêneros, mas é geralmente mais comum encontrar
mulheres sendo diagnosticadas com o transtorno borderline, Ades e Santos (2012) certificam que 75% dos casos de borderlineé a população feminina que predomina. Nas clínicas à procura pelos especialistas são na maioria das vezes das mulheres, pelo simples motivo delas demonstrarem uma melhor compreensão e tolerância sobre o distúrbio, os homens expressam mais resistência e intolerância sobre o assunto devido a vários fatores, sejam eles: aspectos biológicos, aspectos socioculturais, a questão da masculinidade, a negação de demonstrar fraqueza, ter o respeito da sociedade, todas essas razões enfatizam o excesso da desigualdade e o machismo.

A população masculina desde a construção social da identidade mostra as diferenças de gênero. O homem deixou de ser considerado o machão do passado, a sociedade está revisando a contextualização da masculinidade, mas o próprio processo de construção do gênero já demonstra e fornece à desigualdade e as diferenças, a masculinidade é associada à ideia do poder. De acordo com Milagre (2012) a questão da masculinidade foi considerada e sedimentada por uma visão do conceito do homem sendo sinônimo de bravura, força, poder e dominação, que se interpretam em “não ter medo, não chorar, não demonstrar sentimentos, arriscar-se diante do perigo, demonstrar coragem e ser activo”.

Ades e Santos (2012) relatam que o sujeito border, tem uma personalidade totalmente dependente, buscam constantemente se situar através do parceiro para se sentirem menos sozinhos. O indivíduo com a personalidade borderline aproxima-se do outro com total segurança, se entregam completamente, são manipuladores, cativantes, conseguem atrair com a maior facilidade, embora são também abandonados com a maior facilidade, é um verdadeiro tormento ter um relacionamento amoroso com um border sem conhecer a patologia.

A companheira (o), pode se sentir totalmente sufocada com o nível de exigência do parceiro border, pois o borderline exige uma atenção exclusiva, a ausência de atenção para com eles, faz com que eles tenham ataques de iras, explosões sem controles, excesso de cobrança de atenção e carinho. No entanto, se o border se sentir ameaçado de ser deixado ele pode constranger a companheira (o) com tentativas de suicídio, e automutilação. Segundo Ballone (2008) eles possuem uma esperança de que a outra pessoa estará lá para atender suas próprias necessidades de apoio,
carinho e atenção. Relacionar-se com um sujeito border é viver em um relacionamento instável,
com altos e baixos.

Um aspecto que incomoda bastante a companheira (o) do borderline é a mudança repetina de humor e a possibilidade de ser amada um dia, e ser odiada no dia seguinte, essa afirmação já foi salientada por Ades e Santos (2012). Os sinais e sintomas do homem e da mulher que possuem a personalidade borderline não diferenciam quase nada, existem mais semelhanças que diferenças.

Uma característica que pode ser predominante nos homens border é o abuso de álcool e drogas. Todavia, já foram feitas várias pesquisas, levantamentos médicos na sociedade, para tentar analisar e entender o motivo pelo qual, homens não procuram suportes médicos em geral, mesmo com o alerta da parceira (o). Conforme Arouca (2010) se foi analisado que os homens não praticam ir a consultórios por três motivos principais: cultural, institucionais e médicas. Eles não consideram a doença como algo característico do homem, por isso muitos acham que os serviços de saúde são indicados às mulheres, crianças e idosos. Portanto, também é importante evidenciar que faltam
estratégias do governo, empresas, e consultórios para atrair a população masculina para os serviços
de saúde.

Com todo histórico e conceito da masculinidade, se torna nítido que é muito complicado para o homem aceitar que tem uma patologia, principalmente um distúrbio, por determinados fatores, e que esse problema está acarretando sérios danos as pessoas que o cercam, e a si mesmo. Procurar um especialista para se tratar mesmo com o total apoio da acompanhante é uma tarefa incompreensível para o border.

Portanto, não é difícil encontrar na sociedade indivíduos do sexo masculino com todas as características do transtorno borderline em relações amorosas, raro é encontrar algum sendo diagnosticado com o TPB. Relações que se desgastam, laços afetivos que acabam, a dor de se deparar com a autoimagem que não se agrada, viver totalmente num vazio, tentativas de automutilação e suicídio, e ser ver completamente dependente de alguém. Todos esses fatores são consequências de um borderline que não se trata.