“Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam…”

Tem pessoas que são anjos, mesmo sem ter asas. São boas, além de seus limites e possibilidades. São gente, em seu sentido e significado mais puro.

Tem algumas que não precisam ser celestiais para serem chamadas de anjos. Só o modo com que aparecem em nossas vidas, já nos faz ter certeza o quanto são importantes. Em alguns dias, quando perdemos nosso prumo, contestamos nossas escolhas e repensamos planos até então exatos, nosso coração clama por um ser de luz que nos passe uma energia cósmica ímpar, que nos transmita paz.

Eu sinto a presença de anjos em minha vida e eles me guiam rumo ao melhor caminho, protegendo minhas escolhas.

Clarice Lispector me define, quando afirma: “Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam”.

Li certa vez que Santo Agostinho escreveu sobre quando foi para o deserto fazer um retiro de silêncio e foi acometido por todo tipo de visão – tanto demônios quanto anjos. Disse que em sua solidão, algumas vezes encontrava demônios que pareciam anjos, e outras vezes encontrou anjos que pareciam demônios. Quando lhe perguntaram como ele sabia a diferença, o santo respondeu que só se pode dizer quem é quem com base na sensação que se tem depois que a criatura foi embora. Se você ficar arrasado, disse ele, então foi um demônio que veio visitá-lo. Se você se sentir mais leve, foi um anjo.

Num mundo em que boa parte das pessoas são movidas pela individualidade, por interesses pessoais que comandam todas as suas relações, em uma época em que o dinheiro fala mais forte que valores e princípios, é raro que nos deparemos com aquelas que são boas por ser, despretensiosamente.

Estes anjos sem asas, são flores nascidas na fresta do asfalto, são chuva em épocas de seca, são a esperança materializada quando só vimos a escuridão.

Quem sabe não sejam anjos no sentido literal. Ainda tenho minhas dúvidas. Não consigo ver suas asas. Porém, ao fechar meus olhos e imaginá-las, é quase palpável a sensação de tatear suas plumagens.

São seres que queremos por toda a eternidade ao nosso lado. Almas que nos acompanham em nossos regressos a este plano. Muito mais evoluídas que nós, mas que nos auxiliam a melhorarmos quanto pessoas por caminharem conosco. Saramago explica de forma única que “os homens são anjos nascidos sem asas, é o que há de mais bonito, nascer sem asas e fazê-las crescer”.

Estes anjos nos guiam e zelam por nós em todos os momentos das nossas vidas. Quando mais precisamos, estão a postos. Respondem num piscar de olhos nossos pedidos silenciosos de ajuda. Só os enxerga, quem está disposto a ver com o coração.

Abençoados somos, quando temos a oportunidade de conviver com alguns destes anjos. Pessoas encantadoras, iluminadas, amorosas, almas amigas. Amá-las é fácil, prazeroso. Sermos gratos, igualmente.

Os meus anjos são tão cheios de positividade, que só saber da existência deles, já me sinto energizada. Adrian Gras os revela ao descrever que “transpassam sua humanidade imperfeita e se tornam verdadeiros anjos enviados por Deus para trazer beleza à nossas vidas”.