Eu não sou mulher de viver metades, eu sou exigente.

Por Simone Guerra

Talvez seja a maturidade me impondo limites. Talvez seja a minha vontade de não querer mais metades, partes, porções e restinhos. Quero inteiros, completos e sem qualquer perigo de ser cortado ou derreter.

Não estou conseguindo estabelecer conexão quando alguém quer se acrescentar a mim em pequenas proporções. Estou amargando quando é preciso esperar por pedaços de sentimentos. Estou com fome de gente que sabe se doar por inteiro.

Todo mundo merece ser principal ou prioridade. Todo mundo merece atenção, um foco de luz ou ser exclusivo. Tem tanta gente que não presta atenção nos outros, que não dá mínima ou que vê as pessoas apenas como válvula de escape, infelizmente.

Com o tempo fui aprendendo a impor e a dizer não, quando não me satisfaz, porque não quero me envolver em situações onde não há entregas, em que não existe compromisso ou que é apenas para passar o tempo.

Eu não sou mulher de viver metades, eu sou exigente.

Já me contentei com alguns restos, experimentei me juntar a alguém, mas com o tempo fui tendo a certeza que quando você se permite cortar ao meio para viver um relacionamento, não vai durar.

Relacionamento não é mão única, não é feito de pedaços e não foi feito para se acrescentar ao outro.

Amor, são os dois dando as mãos para juntar as diferenças e se tornarem um. Ninguém precisa se cortar ao meio ou acrescentar a alguém para dar certo.

Não! Não é isso!

É preciso apenas ser dois inteiros que decidem se fundir para viver um romance.

Os anos vão nos mostrando que se houver qualquer sacrifício ou exigência para ter alguém, é melhor ficar sozinha.

Quando há muitas regras e entregas desajustadas, não é romance, é dependência, é estar por conta de alguém, é como estar aprisionado.

Amor é livre, pessoas são livres e romances devem ser troca e dedicação.

Eu acho tão estranho ver casais que vivem distantes, que não tem nada em comum, que tem gostos solitários e friezas estampadas.

Eu também já vivi essa era das indiferenças, também já amei muito e já me arrependi.

O amor é como a vida, é preciso experimentar, tentar, improvisar, cair e levantar para aprender.

Eu ainda sinto fome de gente que sabe doar, que sabe olhar nos olhos, que sabe o valor da palavra perdão, e entende que ser inteiro é melhor do que deixar a desejar.

As experiências nos fazem mais sábios e menos medrosos, porque arriscar deve ser dever de casa e amar deve ser com vontade de ficar e impressionar.

Que ninguém permita ser incompleto, mas que tenha a necessidade de se entregar por inteiro e que não meça sentimentos, porque um amor medido, é amor sem intenção de viver uma história.

Depois de amores vividos aprendi a não me cortar mais, mas sim me juntar a alguém por inteiro, porque amor de verdade precisa de dois inteiros para que dure uma vida toda.