Estou em um processo da minha recuperação que passa pela tolerância – que é diferente de paciência. Quando me torno tolerante, adquiro paciência. Nem sempre significa a minha ausência de palavras, mas sim, como dizê-las ao expor a minha opinião ou até mesmo o silêncio. Sempre digo que estou sóbria e não sou obrigada a “engolir” tudo que me envolve – direta ou indiretamente. É diferente agir com as pessoas aí fora do que viver no “meu mundo paralelo”, pois a verdade costuma assustar.

Foi e ainda é uma nova adaptação na minha forma de viver. É uma mudança de comportamento em todos os sentidos e isso engloba até maturidade emocional para as circunstâncias.

Não tenho mais pressa para atravessar uma faixa de pedestre, não dirijo loucamente e dificilmente buzino. Procuro ouvir mais do que falar, não me irrito com qualquer coisa, não furo fila e não empurro as pessoas em um lugar cheio. Procuro mostrar o que sei ao invés de fazer, valorizo a minha noite de sono e não tenho disposição para brigar. Trabalho com as minhas prioridades, entendo as minhas limitações, procuro aceitar as pessoas como são e ofereço a minha melhor versão.

Não permito que as pessoas invadam a minha vida como antes e não delego as minhas responsabilidades ao outro – seja na felicidade ou na tristeza, pois isso é comigo. Procuro assumir meus erros e acertos – que sejam para mim ou para o próximo.

Fui ao hospital ontem devido a uma forte sinusite e como imaginei a demora, levei um livro, meus fones de ouvido e ouvi uma boa música clássica. O tempo de espera passou e eu nem senti. Ou seja, procuro aproveitar o meu tempo com coisas úteis ao invés de reclamar. Tem sido um ótimo exercício para exercer a paciência.

Na verdade, tenho procurado evoluir e isso tem me feito bem. Tenho vivido a vida com mais tolerância, mais apreço, amor e calmaria. Nem sempre é fácil, mas entendo que quem mudou fui eu e não as pessoas.

A tolerância me dá condições de perceber coisas que eu apenas via “passar” e não vivenciava esses momentos com plenitude. Quando exerço a tolerância, percebo que consigo conviver melhor nesse mundo alucinante – o qual eu vivia – e a não sofrer pelo o que as pessoas pensam sobre mim. Me importo e muito com o outro, mas não com o que ele pode dizer a respeito da minha vida e sim, com o que ele pode me ensinar com a sua própria história.

Cada dia que passa, percebo que estar sóbria passa por muitas etapas de transformações e bem enriquecidas de cores, detalhes, pessoas, situações e aprendizados. Ser tolerante é um exercício diário e eu tenho procurado viver com mais calma, mais tolerância e mais paciência. E de verdade, tem sido uma tarefa diferente em 34 anos de vida; porém, tenho tido ótimos resultados na minha convivência diária com os que me rodeiam.

Só por hoje vivo e deixo viver. ❤








Escrevo sobre a recuperação da Dependência Química - envolvendo a nova forma de vida, A.A. e sobre o alcoolismo feminino.