Síndrome de Pica: Pessoas que comem coisas que não são alimentos

Você já conheceu pessoas que comem plástico, cabelo, barbante, entre outras porque sentem que precisam comer coisas não comestíveis para se sentirem bem?

É possível que essa pessoa tenha a Síndrome de Pica que é um distúrbio alimentar, onde a pessoa come coisas que, geralmente, não são consideradas alimentos.

Crianças costumam colocar itens não alimentares, como grama ou brinquedos e até secreções do nariz e orelha na boca porque estão curiosas sobre o mundo ao seu redor. Mas crianças com pica (PIE-kuh) vão além disso e se não receberem o tratamento certo, podem ter problemas sérios de saúde.

A pica pode ser encontrada em vários contextos de anemia por deficiência de ferro na gravidez, condições psiquiátricas (por exemplo, depressão, ansiedade, incluindo tricotilomania, deficiência intelectual (DI) e transtorno do espectro autista (ASD)) e mais raramente, em pacientes pós-cirurgia bariátrica.

Como Neurocientista e PHD, estudei o caso em 2021 e conclui que déficits de memória semântica como resultado de danos no lobo temporal estão associados à pica. O que me levou a acreditar numa disfunção nesta região do cérebro nessas pessoas que apresentam a necessidade de comer coisas que não são alimentos. Elas comem para se sentirem bem.

A pica é um distúrbio comum na infância, no entanto, em adultos está associada a retardo mental, psicose e gravidez. Já foram encontrados casos em pessoas com Transtorno Depressivo Maior, assim como, derivados de transtornos relacionados à ansiedade excessiva.

Falta de serotonina

Quando um indivíduo apresenta falta de serotonina, ele pode passar a sofrer de diversos distúrbios. Os baixos níveis desse neurotransmissor, por exemplo, aumentam compulsões alimentares como a chamada Síndrome de Pica.

Entre os muitos neurotransmissores presentes no organismo do ser humano, a serotonina é responsável por uma enorme gama de sensações. É ela, por exemplo, quem regula o humor, a saciedade, a fome, o sono, a temperatura corporal e até as funções cognitivas.

O que causa Pica? Distúrbio alimentar. Confira:

A pica pode acontecer com qualquer pessoa em qualquer idade, mas tende a acontecer nesses grupos específicos de pessoas:

1) Crianças pequenas, especialmente menores de 6 anos;

2) Pessoas com certas condições de saúde mental, especialmente transtorno do espectro autista, deficiência intelectual ou esquizofrenia;

3) Estresse. A pica é frequentemente observada em crianças que vivem na pobreza ou naquelas que foram abusadas ou negligenciadas;

4) Pessoas que estão grávidas;

5) Desnutrição ou fome. Itens não alimentares podem ajudar a dar uma sensação de saciedade. Baixos níveis de nutrientes como ferro ou zinco podem desencadear desejos específicos;

Pode ter relação com comportamentos culturais ou aprendidos, estresse ou ansiedade, condições negativas durante a infância como questões socioeconômicas baixas, deficiências nutricionais como deficiências de ferro (anemia), cálcio e zinco são algumas das razões mais comuns pelas quais as pessoas apresentam esses sinais). Também condições de saúde mental e médicas como gravidez e anemia falciforme.

Como a pica é diagnosticada?

Pessoas que comem, compulsivamente, coisas que não são comida ou não têm valor ou benefício nutricional.

Pode ser diagnosticada também através de exames como de urina e fezes, assim como teste de imagem como raios-X, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (MRI), ultra-som e muito mais. Também eletrocardiograma (ECG ou EKG), que procura problemas com o ritmo elétrico do seu coração que podem ocorrer com certos desequilíbrios eletrolíticos ou infecções parasitárias.

O que pode causar?

-Anemia (baixo teor de ferro);
-Constipação;
-Ascaridíase (infecção por lombriga);
-Desequilíbrio eletrolítico;
-Ritmos cardíacos irregulares (arritmias);
-Envenenamento por chumbo;
-Obstrução/bloqueio do intestino delgado e do intestino grosso;

O que podem consumir?

-Cinzas;
-Bebê ou pó de talco;
-Giz;
-Carvão;
-Tijolos;
-Argila, terra ou terra;
-Grãos de café;
-Cascas de ovo;
-Fezes (cocô) de qualquer tipo;
-Cabelo, barbante ou linha;
-Gelo;
-Amido de lavanderia;
-Lascas de tinta;
-Papel;
-Seixos;
-Alimentos para animais de estimação;
-Sabão;
-Lã ou pano;

Tratamento

Terapia aversiva leve – método que envolve ensinar as pessoas a evitar comportamentos de pica usando aversões leves para ensinar as pessoas que comem não alimentos a evitarem esses itens e reforçar positivamente comportamentos alimentares saudáveis.

Terapia comportamental – envolve ensinar a pessoa, mecanismos e estratégias de enfrentamento para ajudá-la a mudar seu comportamento.

Reforço diferencial – as pessoas aprendem a evitar comportamentos de pica concentrando-se em outros comportamentos e atividades, se tornando mais consciente do que comem.

Medicamentos

Pessoas que comem coisas que não são alimentos, podem achar que precisam de um medicamento específico. Mas a verdade é que pode não ser necessário o uso de medicamentos, apenas ajuda terapeutica. Mas caso seja, medicamentos antipsicóticos podem ajudar, mas devido aos seus efeitos colaterais, não podem ser de uso generalizado e precisam da prescrição médica.

*DA REDAÇÃO RH. Texto de Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA – American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE – Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva. Membro Mensa, Intertel e TNS.

Foto: Reprodução/Fred mascando plástico na prova do quarto branco no BBB 23.

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Fabiano de Abreu Rodrigues é psicanalista clínico, jornalista, empresário, escritor, filósofo, poeta e personal branding luso-brasileiro. Proprietário da agência de comunicação e mídia social MF Press Global, é também um correspondente e colaborador de várias revistas, sites de notícias e jornais de grande repercussão nacional e internacional. Atualmente detém o prêmio do jornalista que mais criou personagens na história da imprensa brasileira e internacional, reconhecido por grandes nomes do jornalismo em diversos países. Como filósofo criou um novo conceito que chamou de poemas-filosóficos para escolas do governo de Minas Gerais no Brasil. Lançou o livro ‘Viver Pode Não Ser Tão Ruim’ no Brasil, Angola, Espanha e Portugal.