Quando a vida parece ter nos dado uma rasteira é hora de juntar os cacos e colocar em prática a única “fórmula” que pode nos ajudar a lidar com o sofrimento que nos paralisa: Ser resiliente!

Todos nós já passamos por momentos em que a vida parece que virou do avesso e nos deu uma rasteira … A morte de um parente querido, o término de um relacionamento, a perda de um sonho… Todos estamos sujeitos a enfrentar momentos de adversidade e caos em nossas vidas.

Viviane Mosé afirma que vivemos em uma sociedade infantilizada. Em vídeo publicado recentemente, ela discorre sobre o sofrimento e conclui que estamos buscando o prazer e evitando a dor a todo custo.

Para isso, segundo ela, recorremos a todos os tipos de anestésicos: comida, bebida, sexo, álcool, drogas, compras, internet, trabalho, relacionamentos… Usamos todos estes artifícios para evitar olhar para algum lugar dentro de nós que silenciosamente clama por um choro que, abafado, não consegue sair.

A tristeza pega mal nos dias de hoje! As pessoas se irritam com a tristeza alheia e dizem: Anime-se! Coloca um sorriso neste rosto! Vai passear! Deixa a tristeza de lado e vai ser feliz! Pensa positivo que passa!

Somos encorajados a deixar a tristeza de lado, já que quando flertamos com a tristeza recebemos os mais pejorativos adjetivos: baixo astral, deprê, desanimada, borocoxô.

É fato que não devemos nos demorar em sofrimento, mas negar os sentimentos e as emoções, fingir que não está sentindo o que sente, abafar as angustias e aflições, não vão fazer com que elas desapareçam.

Longe de mim fazer qualquer apologia ao sofrimento! Só insisto que para se estabelecer a cura se faz necessário que, aquele que sofre, esvazie em si, a dor e o sofrimento até a última gota.

Entenda que em nenhum momento estou orientando que se alimente essa dor, ou que se aprenda a viver com ela cronicamente. Estou dizendo que para superar qualquer que seja a adversidade, é preciso aprender a ressignificar os acontecimentos tristes e retirar todas as lições que só quem está sentindo o sofrimento na pele poderá entender.

E para que isso seja expurgado de dentro de nós, precisamos aprender a fórmula que nos ajudará a superar toda essa tristeza, chamada RESILIÊNCIA!

Aprendendo a fórmula da resiliência

O filme Divertidamente, de forma lúdica e bem-humorada, nos ensina a ser resiliente e nos mostra que a tristeza, em alguns momentos, pode ser muito mais importante do que a alegria, até porque, conto aqui um grande segredo: Se você não se permitir viver suas tristezas, também não conseguirá desfrutar plenamente de sua alegria.

Segundo o psicólogo americano Martin Seligman, da Universidade da Pensilvânia, a tristeza é um dos raros momentos que nos permite reflexão, uma volta para nós mesmos, uma possibilidade de nos conhecer melhor, de saber o que queremos, do que gostamos. E somente com essa clareza de dados é que podemos buscar as atividades que nos dão prazer, isto é, que nos fazem felizes.

Confesso a vocês que eu mesma, que escrevo este texto, moro em uma área do Rio de janeiro rodeada de bares por todos os lados, e em uma sexta-feira à noite cheguei em casa triste, com motivo, e ao ver aquela agitação toda na rua, com aquela aparente aura de felicidade, me senti um tanto estranha, deprê, baixo astral, e logo me veio aquele pensamento engessado: Sexta-feira é dia de ficar triste?

Até que bati um papo rápido comigo mesma e logo pensei: acolha esta tristeza, ela tem algo importante a te dizer, perceba o que ela está falando e logo ela te deixará.

Depois deste breve dialogo interno, me senti mais em paz com meu choro e minhas lágrimas, atitude que me trouxe grande alívio.

Recorri então a sabedoria dos mestres e encontrei conforto quando li as palavras de Dalai Lama, “se as coisas podem ficar ruins de um momento para outro, as ruins também podem ficar boas rapidamente”. Devemos então aprender com a tristeza enquanto ela não vai embora.

Lembrei a vez que conversei, em um centro de meditação do Zen Budismo, com um sábio monge, eu em minha ingenuidade questionei: Vocês sempre parecem estar serenos e calmos, vocês não sentem como a gente?

E ele respondeu: Claro que sentimos e ainda digo que mais intensamente que vocês, pois estamos mais sensíveis. A nossa diferença para vocês é que para nós as emoções são como um rio, elas fluem. Deixamos ela vir, ficamos com o aprendizado e logo deixamos ela ir, enquanto vocês se apegam e não as deixam fluir.

Sai daquela conversa realmente pensando no quanto abafamos, anestesiamos e sufocamos nossas tristezas, simplesmente para não sentir, e como justamente este comportamento, nos prende mais e mais a ela, do que se decidíssemos as expressar e a deixássemos fluir.

DEIXAR FLUIR OS SENTIMENTOS para ser resiliente

Entender que existe tempo para tudo, inclusive para a tristeza e que temos a capacidade para lidar com a adversidade e superar períodos de dor emocional, emergindo mais forte, é ser consciente de que nós podemos ser a nossa cura ou a nossa enfermidade! Se decidirmos por abafar a tristeza, cairemos doentes, se optarmos por deixa-la fluir atentos as lições que ela traz, nos curaremos em poucos meses.

Momentos de caos e adversidades são como uma musculação para a alma, nos fazem perceber nossos recursos e nossa capacidade de superação.

Em chinês a palavra crise é formada por dois caracteres que significam “oportunidade no perigo”, ou seja, nestes momentos de dor se nos permitirmos mergulhar no sofrimento, chorar nossas tristezas e levar o aprendizado, certamente faremos contato com a nossa potência, com a nossa força e com a nossa capacidade de regeneração e sairemos desta situação mais fortes e com a confiança de que somos infinitamente melhores do que poderíamos pensar!

O poeta Rumi, tem um lindo e sábio poema onde compara nossas emoções a uma casa de hóspedes e recomenda que deixemos as emoções entrar, incluindo as devastadoras tristezas. Ele recomenda que fiquemos na porta sorrindo para recebê-las, e que as tratemos com honradez, pois cada uma de nossas emoções podem estar nos conduzindo a um lugar mais além.

Tire a tristeza do banco dos réus e permita-se senti-la, acolha as suas emoções, se dê colo…

Aceite que em alguns momentos você vai estar frágil e vulnerável e que mesmo assim… está tudo bem.

A pessoa verdadeiramente forte é capaz de se permitir desmoronar de vez em quando.

A flexibilidade para cair e levantar é a verdadeira definição de ser resiliente.

Deixe o tempo passar e quando você menos esperar, a alegria, a esperança, o entusiasmo, o amor e a gratidão… estarão por aí novamente!








Psicóloga clínica, terapeuta corporal, consteladora familiar e orientadora profissional. Escritora e facilitadora de workshops, palestras e grupos terapêuticos que visam auxiliar as pessoas a reconhecer e ativar sua potencia de realização e alegria de viver através da reconexão com a sua verdadeira essência, do profundo cuidado com o sentir e com o poder de expressar suas emoções mais genuínas. Desenvolve trabalhos personalizados para grupos e empresas.