“Não importa em qual empresa esteja, em qual cargo esteja, seja sempre você. E trabalhe feliz.” Não deve ter sido assim, literalmente, que meus pais falaram, mas desde que me entendo por gente economicamente ativa este se tornou, sem dúvida, meu lema de carreira e de vida: ser eu mesmo e seguir os meus valores, independente da situação ou cenário que se apresenta.

É claro que, escrevendo assim, hoje, aos 42 anos, dois filhos, um cachorro, agência própria e um time de colaboradores do meu lado, soa bonito. Fácil, até. Só que fácil nunca foi. Aliás, não tem sido nem será. Não me iludo.

Sermos nós mesmos implica em carregarmos conosco para sempre aquela cesta composta por ética, transparência, retidão, convivência e tantos outros predicados. Em alguns ambientes, ela cabe como uma luva. Já em outros, pode ter a discrição de um peru no pires. Não orna, simplesmente.

Na maioria das empresas – salvo algumas exceções – sermos nós mesmos incomoda as outras baias e chega a agredir quem não pode ou não consegue fazer o mesmo. É claro que não falo aqui de seguir regras ou respeitar culturas, mas sim da bobagem que é exigir de um colaborador que cresça a nossa imagem e semelhança e ainda seja… criativo. Ou pior: que trabalhe feliz.

Quando decidi empreender, em 2010, o “seja você”, sempre ele, falou mais alto. Não segui nenhum modelo pronto, fosse de Plano de Negócio, financeiro, modelo comercial ou espírito criativo. É claro que me espelhei nos maiores, nos melhores, embora pelo caminho fosse descartando, internalizando, crescendo e transformando processos.

Sou grato aos meus pais por terem me permitido criar e moldar o meu próprio caminho.

Meus pais são de um tempo muito, muito analógico. Ele, estilista, libanês, 77 anos. Ela, administradora, egípcia, 74 anos. Chegaram ao Brasil em 1973, num País quase feliz (estávamos na ditadura), tricampeão do mundo de futebol e cuja grande novidade em mídia era a TV em cores. Aqui nascemos minha irmã (1976) e eu (1973).

Portanto, explicar para eles sobre “inbound marketing”, “branding”, “social media”, “metrificação”, clientes e “cases” nunca foi minha pretensão. Como também não será minha pretensão falar disso aos meus filhos, cujo mundo será outro quando estiverem formados, em 20 anos.

Meu agradecimento a este e tantos outros conselhos e limites é meu sorriso e os sorrisos daqueles que comigo trabalham.

Sim, as coisas podem dar muito certo, se formos apenas nós mesmos.








Jornalista, radialista e escritor. Pertenceu às redações do jornal Resenha Judaica, Rádio Jovem Pan AM, Jornal da Tarde (Grupo Estado) e Rádio BandNews FM. Publicou os livros Trânsito Assassino (Ed. Terceiro Nome), Haja Saco, o Livro (Ed. Multifoco) e editou a biografia do advogado Abrão Lowenthal (Ed. Quest). Tem MBA em Gestão Empresarial pela FGV e cursa MBA de Marketing pela USP. Dirige a Tawil Comunicação.