Há alguns dias enquanto ia para o trabalho, ouvia os relatos de uma moça cheia de raiva da mãe depressiva que tentou o suicídio.

A revolta dela era tão grande e o que mais me surpreendeu foram as palavras duras que proferiu à mãe doente e sedenta por um pouco de afeto e compreensão.

Aquilo me deixou pensativa por todo o dia e comecei a refletir sobre o quanto cobramos atenção, carinho, amor, afeto e principalmente compreensão dos nossos semelhantes, porém poucas são as vezes em que oferecemos tudo isso durante a vida.

Andando pelas ruas, nunca paramos para prestar atenção na pessoa que passa ao nosso lado com os olhos caídos de tanto chorar, ou com um sorriso forçado que tenta mascarar o peso de uma vida sofrida.

Nunca paramos para observar quem está diante dos nossos olhos, e isso inclui nossos amigos, parceiros, filhos e familiares.

Nunca perguntamos a eles se estão bem querendo ouvir realmente o que sentem naquele momento; mas quando chega a nossa vez, aí sim exigimos ser ouvidos, observados, amados e compreendidos, e se não nos dão isso, brigas, raiva e revolta são as consequências.

Será que é tão difícil parar um pouco e ouvir a respiração do próximo?

Olhar em seus olhos bem devagar e enxergar além do óbvio?

Talvez abraçar demoradamente alguém que nos é importante e sentir realmente o que há por trás desse abraço…

Ao invés de cobrarmos tanto, de julgarmos tanto, de propagarmos mais ódio e discórdia nesse mundo que já está cheio dor e escuridão, sejamos as palavras de amor, de carinho, de afeto e principalmente de empatia.

Sejamos a luz no final do túnel de alguém através de um desejo sincero de bom dia e uma brisa calma de outono ao perguntarmos se está tudo bem sem medo de que a pessoa limite-se à educação de dizer que não há nada de errado com ela, quando na verdade o mundo já desabou ao seu redor e ela está tentando desesperadamente juntar seus cacos.

Sejamos cuidado, gratidão e doçura!

Sejamos aqueles que doam seus corações através de seus ouvidos sem julgamento nem pressa; sejamos aqueles que estendem a mão a quem quer que seja e colocam-se no lugar do sofredor tentando entender o que se passa para então caminhar lado a lado pela tempestade até que o sol brilhe novamente.

Que sejamos então todo o amor que há nessa vida, sem cobrança ou pensamento de retribuição, porque o amor só é verdadeiro quando é distribuído em abundância e sem prazo de validade.








Brasileira de nascimento, japonesa de antepassados e criação. Descobri que escrever é um pedaço da minha alma assim que fui alfabetizada. Nasci para cuidar de almas feridas e dividir os pesos da vida com aqueles que me encontram no meio do caminho. Entre idas, vindas, um amor e uma canção, cartas são escritas e espalhadas por aí como sementes para florescer.Nas redes sociais: @carolmisokane