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Se você quer saber como eu fiquei depois que terminamos: leia esse texto.

Eu posso dizer que tudo mudou, se você quer saber. Desde o preto básico das minhas roupas até o sorriso torto que não se estende mais de orelha a orelha. As minhas calças estão largas, a maquiagem borrada, o salto está guardado no canto do guarda-roupa e, aquela velha playlist com as nossas músicas, troquei por tantas outras desconhecidas. Estou inventando uma nova história. Me esforçando para te apagar da minha memória e fingir que nada aconteceu. Esquecer todos os momentos que compartilhamos e os planos que fizemos para uma vida inteira. Não é fácil estar longe de você e fingir que eu não sinto nada. Eu sinto muito, saiba que tudo o que transborda nos meus olhos é a tradução do amor.

A verdade é que eu viro noites em claro na balada, com o copo cheio, para tentar te superar. Deitar na cama e, simplesmente, dormir como se tudo estivesse normal na minha rotina é algo assustador para mim. Então, eu busco refúgios em outros colos, outros beijos. Não que eu tenha a intenção de te substituir, não é isso. Eu só desejo ter paz e conseguir encostar a cabeça no travesseiro sem alagar a fronha. Eu me ocupo com qualquer coisa que cruze o meu caminho, porque quando estou à toa, a sensação de abstinência sem você é doentia. Mudo o foco para me distrair, altero o trajeto para não te procurar no percurso. Estou me esforçando, eu juro.

Descobri que só aprendemos o que é dor, quando ela deixa de ser uma teoria e a vivemos na prática. Não é fácil descobrir o que é a dor. No começo parece que é como apanhar até desmaiar, mas não é bem assim. Não é como cortar o dedo e levar alguns pontos no médico. Dor, no meu caso, é uma sensação que domina todo o meu coração e afeta outros órgãos. Dor é isso que eu sinto, que eu não conto para ninguém. É um sentimento que arde como uma ferida aberta, mesmo sem sangrar. É a junção do querer com o não poder. É desejo oprimido, sorrisos adiados e uma distância inatingível.

Me fecho no quarto e imagino um mundo só nosso. Quando me perguntam como estou, a resposta positiva é imediata. A real é que as pessoas não se importam, perguntam isso no automático e, pensando friamente, não vale desgastar ainda mais o meu tempo contando os meus problemas para quem não quer ouvir. E, pior, para aqueles que até escutariam, uma hora de história se eu narrasse lentamente o meu drama, mas não fariam nada para mudar o meu status. Logo, estou otimizando esses momentos recentes e raros de consciência para me dedicar ao que realmente me importa: o amor próprio.

Não é fácil os julgamentos constantes de quem não sabe o motivo das minhas lágrimas. Quanto menos conhecimento, maior a ignorância. O desconhecido é sempre um ponto de curiosidade, porém, quando não dosado, ele passa do limite e faz mal à saúde.

Você foi um sonho concretizado, mesmo com prazo de validade. Confesso que eu imaginava um começo sem final para nós, mas é a vida quem dita as regras. Coube a mim, fazer o que estava ao meu alcance e contribuir para que o universo conspirasse a nosso favor. E, sendo franca, fiz a minha parte e até um pouco da sua. Errei, aprendi, mudei e sempre me propus ser melhor para você, não houve contestações. Fui amiga, namorada e amante. Alguns até diziam que eu era um bom partido, acho que esse boato se dava ao fato do meu lado de companheira sempre estar em evidência. Eu fazia questão de estar com você e, sem desculpas, eu estava. Mesmo quando era para te esperar fazer algo que eu não podia estar junto, na sua volta, os meus braços estavam sempre abertos, aguardando o entrelaçar dos seus.

Eu era assim… Uma mistura de grude, com romantismo e safadeza. Tínhamos os nossos momentos de altas declarações, mas olha, nada se compara aos tantos outros de tesão. Acho que nunca vou me esquecer das caras e bocas que você fazia quando eu te provocava pessoalmente, ou te instigava, loucamente, com mensagens até o momento de nos encontrarmos. O melhor disso é que você nunca esperava. Era tudo uma grande besteira, mas a coisa ficava séria entre quatro paredes, ou quatro rodas. Tanto fazia o lugar, eu sempre arrumava espaço para arrancar as suas roupas e o seu sorriso. Os sussurros e gemidos vinham de brinde. E quem planta, merece colher. Nada era mais gratificante do que te deixar sem voz e estar ao seu lado. Fazendo tudo isso, ou nada. Simplesmente te admirando.

Aquela noite que te conheci, acho que eu nunca vou esquecer…

Agora, um pouco rouca e muito cansada, sou lembranças e uma saudade que nunca chegará ao fim.

Jéssica Pellegrini

Nunca confie em uma escritora confusa e romântica. As controversas entre um texto de amor e outro de desilusão, podem causar questionamentos pessoais. Consequentemente, sequelas mais graves.

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