Eu já ouvi muita gente questionar por que nos mantemos em locais de que não gostamos mais e com pessoas que não nos fazem felizes. Já ouvi perguntar e, muitas vezes, cair na ironia de serem infelizes e não sair mais do lugar.

Por que será que isso acontece? Por que nos sujeitamos a viver amores meia-boca, a estarmos com pessoas que não nos querem bem e a morar e respirar um ar que há muito virou tóxico para nós?

Vício, baixa autoestima, gratidão?

Vício seria uma resposta. Nós nos acostumamos com o que é ruim do mesmo jeitinho como nos acostumamos com as coisas boas da vida. Porém muitos não se acham merecedores e vão se embriagando da toxina de um lar doente, de um companheiro ou companheira com paranoia, não conseguem se desvencilhar das correntes que lhes prendem por não saber como viver de outra maneira. Desconhecem as formas maravilhosas de viver quando se muda de postura e assumem um comportamento também doentio.

Baixa autoestima seria a outra resposta. Eu nunca vi algo destruir tanto as pessoas como a baixa autoestima, ela as torna reféns de coisas horríveis simplesmente por não se sentirem confiantes e capazes de mudar o quadro de sua vida ou viver na própria companhia.

Não sei em que situação você se enquadra, não sei se é um(a) viciado(a), uma pessoa enferma ou se sua autoestima é tão miserável que você se cercou de paredes tão grossas e sem janelas, e passou a viver onde não há opção alguma que não seja sentir aquilo, suportar aquilo…

Com os anos e as experiências, com cada história que vivo ou escuto, chego mais à conclusão de que, se um ambiente não nos faz bem, não temos de estar nele.

Ah, você me diz que precisa do emprego, precisa conviver com aquele chefe, com aqueles colegas de trabalho e tal. Eu digo que você não precisa estar aí a vida toda, pode continuar trabalhando e procurando outras formas de emprego, novas vagas, novos projetos… Se você se decidir por isso, vai dar certo!

Então, o caso é diferente. Você se relaciona com alguém que lhe faz mal, que deixa tudo ruim, mas você suporta porque, afinal é agradecido demais por tudo que essa pessoa fez por você lá na época do surgimento do fogo. “Eu não posso deixá-la, ela foi boa demais para mim, ela me ajudou quando eu mais precisava, etc.” E os anos passam e você se torna cada dia mais infeliz por essa gratidão. Não seria triste para a outra pessoa saber que está com ela só pela gratidão? Não seria egoísmo da sua parte impedir que a outra pessoa também seja feliz sendo amada de verdade?

De uns tempos para cá, sou adepta ao “se não me faz bem, saio e também não volto mais”.

Existe um tempo na vida em que é preciso nos dar mais valor, acreditar mais na pessoa que somos e saber separar as coisas boas das ruins. Hoje eu sei exatamente aquilo que não me agrada, seja num comportamento, seja em pessoas ou ambientes. Eu sei e já decidi que me sentir mal é algo que não quero mais, que estou numa fase em que espero, busco e recebo os bons fluidos, boas companhias e, caso você queira se aproximar, seja bem-vinda!

No entanto, se é o meu mal que deseja, vá embora ou nem chegue perto porque, com certeza, eu não ficarei próxima tempo demais para que me faça infeliz.

É chegada a hora da seleção, de decidirmos sobre o melhor para a nossa vida, mesmo que seja difícil, a princípio. É preciso que tenhamos força e coragem para optar por nós com a mesma frequência com que optamos pelas outras pessoas durante todo o tempo em que vivemos.

Chega de ilusão, de fantasia, chega de sofrimento. Eu não quero mais, você quer?








Escritora, blogueira, amante da natureza, animais, boa música, pessoas e boas conversas. Foi morar no interior para vasculhar o seu próprio interior. Gosta de artes, da beleza que há em tudo e de palavras, assim como da forma que são usadas. Escreve por vocação, por amor e por prazer. Publicou de forma independente dois livros: “Do quê é feito o amor?” contos e crônicas e o mais espiritualizado “O Eterno que Há” descrevendo o quão próximos estão a dor e o amor. Atualmente possui um sebo e livraria na cidade onde escolheu viver por não aguentar ficar longe dos livros, assim como é colunista de assuntos comportamentais em prestigiados sites por não controlar sua paixão por escrever e por querer, de alguma forma, estar mais perto das pessoas e de seus dilemas pessoais. Em 2017 lançará seu terceiro livro “Apaixonada aos 40” que promete sacudir a vida das mulheres.