Ouvi alguém dizendo que se devemos nos comparar com alguém, que esse alguém seja nós mesmos. Mas não qualquer faceta ou aspecto de quem somos, porém nos comparar com quem nós éramos no passado. Ou seja, se for para se comparar que seja com quem você era antes. Pense naquilo que você costumava falar, fazer, para onde ia quando se sentia sozinho, como tratava as pessoas, e que de forma você encarava a sua própria existência. Você era mais feliz ou mais triste do que é hoje? Sentia-se bem consigo mesmo? Conseguia amar verdadeiramente quem você era? O que mudou? Acha que progrediu? Será se de fato amadureceu? São respostas que apenas você pode dá. São coisas que somente você pode buscar dentro de si e trazer á tona mesmo que doa e que traga alguma escuridão para fora.

Mas você pode me perguntar o porquê de ter que fazer isso e a resposta é um tanto simples, porém um pouco profunda. Pois comparar o seu hoje com o seu ontem é uma atitude necessária para você analisar o seu progresso ou retrocesso, é uma questão de crescimento como um ser humano dotado de corpo, relações sociais, emoções e espírito. Uma pessoa que não é a mesma de cinco anos atrás, pois ao longo desses anos mudou bastante e talvez nem se reconheça mais, pois sente que a transformação foi mais funda do que achava possível. E mudar é preciso. Não somos seres criados para a estagnação, zona de conforto ou comodidade. Nossa natureza é dinâmica, viva, criativa. Porém a nossa essência que recebemos do Criador continua a mesma, mas alguns aspectos são mudados, talvez pela dor de experiências desagradáveis ou por momentos felizes ao lado de pessoas amadas, mas o fato é que você não é o mesmo de antes.

E exatamente por isso você só pode se comparar consigo mesmo porque não é justo e nem certo se comparar com outras pessoas, pois elas não estão no mesmo processo que você. Elas não estão vivendo as mesmas fases e estações que as suas, mas estão dentro de realidades internas diferentes das que você carrega na alma. Elas construíram a própria vida sobre bases que talvez você não conheça, pois pode não ter as visto colocar tijolo por tijolo enquanto choravam ou sorriam. Porém elas não são piores e nem melhores que você, assim como você nem é pior ou melhor do que elas pelos menos motivos. Porque cada pessoa tem as suas próprias subjetividades, sonhos, vivências e vontades. Cada pessoa é um mundo como disse Clarice Lispector. Por isso somos tão diferentes ao mesmo tempo em que somos tão parecidos, pois cada pessoa está vivendo um processo nesse exato momento. Podendo ser um processo inconsciente que ela nem mesma sabe que está passando ou um processo consciente onde a pessoa está totalmente entrega a reconstrução do novo ‘eu’.

Mas você pode me perguntar “O que seriam esses processos?” e eu lhe diria que são podas como um jardineiro faz em uma árvore, e assim como Jesus disse que o Pai faria em nós para que déssemos ainda mais fruto (João 15:2). Essa poda serve para cortar alguns galhos que estão atrapalhando o nosso crescimento e impedimento que nossos brotos floresçam. Porém é um processo doloroso, pois ele nos mostra ao que há de pior em nós. Ele nos mostra quem verdadeiramente somos, mas que estava escondido em um lugar escuro dentro de nós. Porém quando a Luz veio mostrou o que estava oculto e que precisava de uns reparos ou de ser jogado totalmente fora. Porém passar por ele é algo voluntário, pois ninguém é obrigado a progredir, pode-se ficar como está grande parte da sua vida. Mas novamente digo que fomos criados para nos redescobrimos todos os dias e deixarmos para trás as coisas que precisam ficar no passado para que possamos abraçar o novo no futuro. Talvez o galho pior e difícil de ser cortado seja justamente coisas do nosso passado que não queremos abrir mão, porém a renúncia pode ser dolorosa no começo, todavia logo veremos que nossa alma está leve e pronta para recomeçar.

Por fim, devo dizer que a postura diante dos nossos próprios processos deve ser a de paciência. Pois podemos nos comparar com que éramos e acharmos que não tem nenhuma diferença com quem somos hoje apesar do tempo ter passado, e que continuamos com os mesmos maus hábitos e sentimentos ruins sobre quem somos. Por isso precisamos de paciência. Temos que respirar fundo, olhar para nosso reflexo no espelho e dizermos a nossa imagem que vamos conseguir, que pode demorar um pouco, porém as coisas não permaneceram as mesmas se a nossa alma mudar. E um processo tem fases, ou seja, tem estágios e ás vezes nós demoramos muito em um e passamos mais rápido em outro. Mas não devemos desistir de nós mesmos, pois nós que devemos lutar por nossos sonhos, projetos e planos. Nós que iremos correr atrás do que queremos e conquistarmos nosso espaço.

E o processo vai melhorar a forma como nos relacionamentos, vamos ser mais compreensíveis e amar os outros, por isso temos que respeitar as pessoas e termos paciência com eles, pois não sabemos das lutas e dificuldades que eles passam ao tentar melhorarem como pessoas. Temos que emprestar nossos braços e acolher quem não está bem ao passar por isso, e ajudar quem deseja desistir de sua estação atual. Pois ás vezes bate mesmo um desânimo e uma dor, mas temos que lembrar-se a nós mesmos e aos outros que irá valer a pena, porque quando olharmos para trás e nos compararmos com éramos vamos sentir um alivio, paz e sentimento de dever cumprido, e Deus irá sorrir para nós e dizer o quanto está feliz por termos abraçado o processo ao invés de desistir dele. Mas os amigos e familiares também vão perceber a mudança, da mesma forma podem sorrir e se sentir orgulhosos, pois eles sabem o quão difícil é se tornar alguém melhor








Tatielle Katluryn, florescida em 1996, com sangue Maranhense e coração pertencente ao céu. Sou cristã e estudante, apaixonada por livros do séc. XIX e Astronomia. E Deus me chamou para falar aquilo que Ele quer dizer as pessoas, para levar a paz a corações tão ansiosos quanto o meu. É tão linda a forma que Ele me cuida enquanto me usa para fazer sua vontade e só tenho a agradecer por tamanho amor que me consertou sem eu merecer.