São tantos os momentos que repassamos diversas vezes nas nossas mentes e vem aquela dúvida: e se eu pudesse fazer diferente?
Porém, parafraseando Bertrand Russell: por que repetir velhos erros se há tantos erros novos para cometer?

Será que eu teria feito aquele corte de cabelo? Aquele que logo depois que me olhei no espelho, comecei a chorar já sentindo falta dos fios longos que emolduravam meu rosto. Fiquei por dias usando um rabo de cavalo e usando todas as receitas caseiras possíveis que prometiam fazê-lo crescer mais rápido. Foi assim durante um bom tempo e depois que finalmente alcançou o tamanho antigo, me deu uma vontade enorme de pintar o cabelo… e por aí a história vai se repetindo.

Mas o cabelo não é o maior dos problemas, porque querendo ou não, depois ele vai acabar crescendo. Eu me refiro mesmo aos erros que cometemos e depois não há receita caseira alguma que repare o dano feito. São aquelas palavras que dizemos na hora errada e magoamos alguém sem pensar. São as oportunidades que perdemos e os atalhos que pegamos, por preguiça, e acabamos perdendo o melhor da caminhada.

Será que eu teria feito diferente? Será que, se eu soubesse que tentar cortar o caminho só me faria andar ainda mais, eu me forçaria a ir pelo lado com mais obstáculos? A resposta é um grande e uníssono não. Eu não faria diferente porque simplesmente não saberia o que eu sei hoje.

Se eu fosse voltar no tempo e pegar a estrada mais longa, eu poderia até mesmo acabar me perdendo. Pois eu não tinha naquele momento a maturidade que tenho agora. Ir pelos caminhos errados me deram todas as instruções de como seguir corretamente e, hoje sim, eu posso seguir para qualquer lado sem medo.

Eu precisei de todas as decisões ruins que já tomei para entender que nem tudo que aparenta ser o melhor é, de fato, o melhor pra mim. Se eu não tivesse acreditado na pessoa errada, não teria visto que nem todos querem o nosso bem e que não é porque damos o nosso coração à alguém que essa pessoa vai retribuir.

E mesmo que eu pudesse refazer todas essas situações, eu daria voltas e voltas e acabaria no ponto de início e tendo que recomeçar o ciclo. Eu não saberia que estava errada e acabaria fazendo as mesmas más escolhas. Mas nesse momento, nesse ponto da estrada em que eu me encontro, eu já aprendi com todas as minhas voltas perdidas e não preciso me perder de novo, pelo menos não pelos mesmos motivos.

Quero novos erros, os de antes não mais, já cumpriram seus propósitos na minha vida. Mesmo se tivesse a chance de voltar atrás, prefiro deixar guardado na caixinha do passado e abrir apenas para me guiar no futuro, que é só o que me interessa. Ir em frente.

Então, se eu pudesse voltar no tempo e fazer tudo diferente, não faria. Todas as minhas escolhas, tendo sido elas boas ou ruins, formaram o que eu sou agora e me trouxeram até aqui. Se existe lugar melhor (ou pior) eu não sei e não preciso saber. Não interesse em descobrir, pois nesse momento não existe nenhum outro lugar do mundo onde eu queria estar.








Paulista. Pisciana. 20 anos de excesso de sentimentos. Nada como um gole de café e uma dose de drama pra passar o dia. Meu bem, eu exagero até nas vírgulas.