Casei aos vinte e cinco anos. Vivi, sem dúvida alguma, os melhores momentos da minha vida ao lado de alguém que era minha melhor amiga, que era o tipo de pessoa que eu sempre quis, que tinha uma sincronia absurda nos planos, nos sonhos, nos gostos e até nas músicas do Spotify e filmes do Netflix. Ela era uma das pessoas que mais confiei no mundo inteiro.

E, mesmo depois que tudo acabou, não vejo como um carma a ser anulado, um capítulo a ser arrancado, mas insisto em dizer por aí que: Meu casamento foi tão real, intenso e maduro que deu certo na maior parte do tempo, apenas não resistiu aos ferimentos mais insignificantes. É como aquele médico premiado que está sempre atento a tudo, mas que não deu bola para os pequenos arranhões.

A melhor parte de ter sido casado é que posso sim me gabar de ter alcançado um novo patamar de realidade do amor. Amei inteiramente, da melhor maneira que pude, com os melhores recursos que tinha em mãos na época, mas aprendi que até mesmo as coisas mais concretas, exatas e intensas nessa vida podem sofrer mudanças sem razão.

Durante todos os anos que dividi com ela o melhor e o pior de mim, tive que me encolher diante de determinados momentos que priorizávamos o coletivo, mas também pude ter a tranquilidade de ser a mim mesmo na mais pura versão, e mostrar-se diante de outro sem medo de ser julgado errado. O casamento nos dá a honra que não conseguir vestir máscaras.

Hoje, chegando quase aos trinta anos, percebo que não sou o único que está em um momento de vida onde quase todos os amigos estão casando-se, pretendem ficar noivos ou estão indo nessa direção. E respeito muito isso.

Quando converso com eles sobre este assunto, dizem-me três coisas: Que esse passo a frente representa para eles a conquista de um sonho de criança; Outros enchem a boca para dizer que esta decisão lhes ajudam a encontrar também a sua essência como pessoa; e tem ainda os que afirmam categoricamente que esta foi a pior decisão da sua vida e transbordam arrependimentos. Eu confesso que não me encaixo em nenhum dos três casos.

Desde de muito menino quis ter família. Sempre quis dedicar minha vida a cuidar da minha casa, dos meus filhos, da minha esposa como quem guarda um tesouro. E isso não mudou. O que mudou foi quem eu sou hoje. Ainda insistirei neste projeto, e mesmo sensibilizado, acredito que quem tem amor, tem tudo.

Eu acreditei que somente o casamento poderia realizar-me como amante e sujeito amado, que só quando eu me dedicasse exclusivamente a alguém é que poderia experimentar o amor na sua forma mais profunda. E ainda não perdi isso de vista, apenas sei hoje, que além disso, é preciso construir uma reciprocidade inquebrável e ter espaço para as individualidades também.

Eu sei, depois que assisti o fim da minha relação considerada saudável e amigável, notei que amar é muito mais que assumir um compromisso sério com alguém, rezar a cartilha da boa convivência e do romantismo, que aprender a ignorar determinadas situações, trabalhar duro para conquistar coisas juntos, investir em experiências de entrega total e renegar aos desejos individuais. Estar em um relacionamento exclusivo com alguém, tem que ser a maior e mais sinceRa troca mútua do universo, em tudo.

As minhas ideias sobre amor, sobre relacionamento, sobre conviver, sobre se entregar, sobre experimentar e viver um amor intenso, não mudaram. O que mudou, foi eu. Eu que passei a levar ainda mais a sério tudo isso.

Sei hoje, que o primeiro passo é ter a consciência clara que um amor só tem chances de prosperar de verdade, quando duas pessoas acreditam e valorizam o mesmo projeto na mesma intensidade, mesmo sendo diferentes. A união não está nas personalidades, mas naquilo que querem para si.

Estou totalmente convencido que relacionar-se com alguém envolve tantas dificuldades que nem imaginamos, mas que a única que tem que ser levada a sério é a força de vontade de fazer a coisa dar certo. Amar é sim insistir. Não naquilo que já morreu, mas naquilo que nos faz viver.

Eu faria tudo de novo. Não me arrependo de nada que tenha vivido no casamento. Hoje, tenho a convicção, que os amores perfeitos acabarão enforcados no altar da falta de humanidade. Amores que se acham intermináveis são aqueles que precisam de mais cuidado.

Amar as pessoas como elas são, respeitá-las honestamente e fazer questão de ficar são prioridades no amor. O resto é só formalidade.

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