Autores

Se apega, sim

Estamos vivendo de amores líquidos, tão destoantes quanto areia em ampulheta. Com tempo marcado. Data de validade. E pra completar, com uma lista de regras a seguir. Pode se aproximar, mas não tanto. Pode sair, mas todo dia é desespero. Pode elogiar, mas sem agradar demais para não demonstrar interesse. Ahh, que preguiça.

Não se trata de acorrentar a alma. Porém, encher o coração de cadeados só o faz sufocar. Deixe de lado essa história de que pra ser feliz é preciso ser distante. Existe uma grande diferença entre ser cauteloso e desapegado. É fato que um pouco de cuidado não faz mal a ninguém, mas desinteresse? Isso sim é de doer.

Eu quero mais é me abastecer de tudo que o amor pode oferecer, sem me afogar; mas sem medo nenhum de me molhar. Que graça tem em viver de gotinhas, afinal? Olha o tamanho desse mar, chega tão longe que os olhos nem conseguem acompanhar. Que desperdício seria ficar apenas molhando os tornozelos.

Sem ter medo da duração. Que seja um ano ou um dia, mas que tanto os 365 dias ou as 24 horas sejam bem vividas. Também não digo que se deve sair por aí procurando o-amor-da-vida-eterno. Contudo, é importante abandonar essa redoma de vidro que estamos criando. A geração do “pega, mas não se apega”, contornada de recados prontos. Melhor seguir para o lado da esperança, sem receio em dar o melhor às tentativas. Permitir sentir e se dar a chance de errar, e vez ou outra, quem sabe, acertar.

Que história de praticar o desapego é essa, aliás? O dito popular é sobre quem tira mais fotos sorrindo com garrafa na mão, quem se diverte mais com o sofrimento do ex. Também é sobre quem superou primeiro ou melhor, quem nunca chegou a se importar. Agora me pergunto: qual o prêmio? O que se ganha com toda essa competição? Amor próprio, me dizem. E nisso sou obrigada a discordar. O amor próprio não é resultado da ausência de qualquer outro. No fim das contas, esse desespero em mostrar o quanto nos amamos e não precisamos de mais ninguém só está fazendo a gente se tornar escravo da nossa própria vaidade.

Livre-se de amores mal resolvidos, experiências não vividas e momentos facilmente esquecidos. Se apega, sim. Se apega porque não há desculpa no mundo que justifique um coração que ama sem coragem. Se apega porque o ambiente para fumantes sufoca, mas não sentir sufoca muito mais.

Se apega, vai.

Najara Gomes

Paulista. Pisciana. 20 anos de excesso de sentimentos. Nada como um gole de café e uma dose de drama pra passar o dia. Meu bem, eu exagero até nas vírgulas.

Recent Posts

Cozy Home para o outono de 2025 – decorações e acessórios para a tua própria zona de chillout

Cozy Home, ou seja, uma casa acolhedora que convida a ficar e a desfrutar de…

1 dia ago

Secar roupa dentro de casa nunca foi tão fácil: Conheça o truque japonês que está viralizando

Secar roupas em dias de chuva ou em ambientes pequenos pode ser um verdadeiro desafio.…

2 dias ago

Novo capítulo amoroso de William Bonner prova que nunca é tarde para recomeçar

Recentemente, nas redes sociais, a vida amorosa de William Bonner retornou aos holofotes. O jornalista…

2 dias ago

Especialista em relacionamentos revela regra dos 3 segundos que torna você instantaneamente mais atraente

A primeira impressão é essencial quando se trata de romance. Seja para conquistar alguém ou…

2 dias ago

5 Mitos históricos que ainda acreditamos mesmo após serem desmentidos

Atualmente, vivemos em uma era em que temos o fácil acesso a diversas informações. Contudo,…

2 dias ago

Mãe de 39 anos morre de câncer colorretal após ignorar sinais sutis da doença

A história de Krystal Maeyke, uma australiana de 39 anos, serve como um alerta poderoso…

2 dias ago