A morte é o fim? Então… qual é o sentido da vida? Essa é a pergunta de 1 milhão de dólares! Precisamos falar sobre o fim… de qual vida?

Esses dias li, em um post motivacional, que precisamos viver intensamente o presente porque só vivemos uma vez. O mesmo post questionava se, na verdade, vivemos todos os dias, mas só morremos uma vez.

A questão acima é sobre ponto de vista, copo cheio ou copo vazio. O certo é que falamos pouco sobre a morte, um evento inexorável e natural para todos que já nasceram.

“Quando você aprender a morrer, vai aprender a viver”, disse Morrie Schartz.

O filósofo foi entrevistado por Mitch Album nos seus últimos dias, foi para Mitch que ele disse essa frase que deu origem ao fantástico livro A Última Grande Lição.

Morrie destaca sempre como somos incrivelmente capazes de confundir valores e prioridades ao longo da vida, mas muitos de nós, muitas vezes, nos esquecemos de que ela tem um fim.

Se vivêssemos para sempre, obviamente faria sentido buscarmos incansavelmente um carro ou uma casa ultra confortável. No entanto, o que carregamos dentro, no coração, é o que nos trará aconchego de verdade. Como Morrie mesmo lembra, os budistas diriam para não nos apegarmos a nada, já que tudo é impermanente. Até mesmo a vida, como a morte vem nos lembrar.

Entretanto, impermanência quer dizer o fim? Essa é a pergunta de um milhão de dólares.

Primeiro, é um erro dizer que o corpo físico acaba. Na morte, ele para de existir como uma máquina, mas toda a sua constituição atômica – que veio de alguma outra materialidade – volta para constituir outras matérias.

Segundo, o que acontece com a nossa consciência? Chamo de consciência nossa capacidade de autoidentificação, de sabermos que somos algo e de fazer perguntas sobre esse algo.

Enfim, se nossa consciência for resultado tão somente de uma dança de neurotransmissores e do funcionamento cerebral, então ela acaba junto com o nosso funcionamento fisiológico. Todavia, se a consciência for algo além, algo que causa o funcionamento neurológico, aí sim, ela continua na existência sofrendo suas transformações, mas jamais o fim.

De toda forma, podemos ver a vida como uma busca por sentido. A consciência nos questiona constantemente e exige resposta.

Talvez a principal pergunta seria “por que fazer isso?” Nós só somos algo, como diria Heidegger, o filósofo do existencialismo alemão, vivendo o nosso sentido. E o que dá sentido ao ser (ou dasein, no vocabulário de Heidegger) é o tempo, ou mais especificamente, a finitude imposta pelo tempo.

Para mim, é indiscutível que o que dá sentido ao ser são as pessoas. A capacidade e vontade do amor são as competências mais fundamentais do ser humano.

Agora imagine uma vida sem ninguém nela. Para que acordar de manhã? Para que fazer algo?

Ou seja, nossas interações e relacionamentos dão sentido à existência e quanto mais cuidarmos desses relacionamentos (principalmente o meu comigo mesmo) de modo a aumentar a quantidade e a qualidade do amor que trocamos, mais nossa existência é prazerosa.

No entanto, porque essa jornada é finita, a saudade é inevitável.

Como diria minha recém falecida avó: “a saudade é o amor que fica.”

Em memória de Olga Carvalho (1926-2024), Maria Lúcia Andrade (1933- 2023) e Luciana Lima Cruz (1985-2023).

*DA REDAÇÃO RH. Foto de nine koepfer na Unsplash

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Professor de Yoga, RYT 200 em Yoga Alliance, foi professor na Universidade de Brasília, idealizador do Movimento Ahimsa e dedica-se a estudar o ser humano. Investiga com profundidade filosofias orientais e ocidentais, religião, meditação, psicanálise, história, antropologia e outras disciplinas. Titulou-se mestre em sociologia pela Universidade de Chicago onde estudou o desenvolvimento de religiões ditas "heterodoxas" no Brasil, é pesquisador do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito - CPAH e membro da sociedade de alto QI Mensa.