Ser fiel à sua consciência é ser fiel à sua saúde emocional; ser fiel à sua saúde emocional começa na infância, quando se treina o Eu para contemplar o belo. Contemplar o belo é se entregar atentamente, observar nuances, se embriagar com detalhes imperceptíveis a mentes ansiosas que não se interiorizam. É refinar o olhar, dar intensidade à observação, capturar o que está dentro de si, observar o que se encontra por detrás da cortina do comportamento dos filhos, do parceiro, dos amigos. É ser riquíssimo, mesmo sem ter muito dinheiro. É comprar o que não está à venda. É formar plataformas de janelas light que irrigam a felicidade inteligente.

Rico, para o complexo mundo da gestão da emoção, não é quem tem muito dinheiro no banco, mas quem vive a arte da contemplação no meio das agitadas avenidas, nos ambientes urgentes das empresas, das escolas. Rico é quem rompe, pelo menos algumas
vezes, a loucura estressante que vive e nutre agradavelmente sua emoção absorvendo o
máximo do mínimo. É quem faz pequenos relaxamentos no trabalho, mergulha dentro de si, liberta seu imaginário, irriga seus sonhos.

Quem, em meio a um trânsito infernal, consegue capturar uma árvore florida, um tronco carcomido, uma relva despercebida tem grande vantagem para irrigar sua saúde emocional.

Quem analisa um caminhante apressado e se pergunta “Quem é ele?”, “Que lágrimas
chorou?”, “Que projetos executou?”, “Que sonhos abortou?”, “Que pesadelos viveu?” nutre a felicidade inteligente, pois desfruta de prazeres solenes que o dinheiro não pode comprar.

Pais que dão presentes em excesso a seus filhos viciam o córtex cerebral destes em precisar cada vez mais de estímulos para ter migalhas de prazer, asfixiando, portanto, a
arte de contemplar o belo. Sob a tônica da gestão da emoção, o maior favor que os pais
podem fazer para enriquecer a emoção de seus filhos é dar-lhes aquilo que o dinheiro não
pode comprar, é calibrar o olhar deles para que se deslumbrem com o mundo fascinante à
sua volta. Mesmo em meio a guerras e areia, é possível valorizar a brisa do vento.

Alguns “fora da curva” viveram essa ferramenta de gestão da emoção em lugares quase
impossíveis de ter prazer. Viktor Frankl, como comentei em meu livro Em busca do sentido
da vida, foi capaz de treinar seu Eu para sonhar, ter projetos de vida e desfrutar da alegria
fomentada pela liberdade que estava além das trincheiras do campo de concentração. Ele via o invisível, pois aprendeu a contemplar o belo.