Quando eu era criança, não entendia como uma dor de cabeça podia fazer alguém chorar. Na minha ingenuidade era só tomar um remedinho e logo passava. Pobre menina, não sabia nada sobre dor de cabeça de mãe…

Dias atrás tive uma dor cabeça dessas. Logo me lembrei da minha mãe, das vezes que a via chorar sozinha no quarto. Sabendo que eu não compreenderia seus motivos, ela me dizia que “era só uma dor de cabeça”. É, mãe, agora compreendo muito bem teus motivos e tuas dores.

Agora entendo o tamanho da força de uma mãe, ao acordar e estar disposta a enfrentar tudo de novo, arregaçar as mangas e matar um leão por dia para criar os filhos, dar conta do trabalho e cuidar da casa.

Essa tal dor de cabeça aparece quando estamos cansadas e nossos braços fraquejam por segurar o mundo por muito tempo, quando nossas costas doem de carregar tanto peso e culpa, quando nossas forças se esgotam. Quando parece que ninguém se importa com todas as tarefas que fazemos todo santo dia e ninguém enxerga que é você quem cuida de tudo e de todos.

Ah, mãe, se eu soubesse que era esse o motivo da tua dor de cabeça, te daria um abraço apertado e diria “calma, você não precisa dar conta de tudo sozinha”. Essa dorzinha chata é a tal culpa materna, não importa o quanto nos esforçamos ela sempre surge.

A maternidade real é bem diferente do que nos é contado. Quando engravidamos ninguém nos diz que amamentar é difícil, que milhões de palpiteiros vão aparecer, que nem sempre você vai saber por que seu bebê chora, que em muitas situações você vai chorar por não saber como conduzir, que o desfralde te enlouquece, que você vai ter que se reinventar todos os dias, que vai conviver com essa tal culpa tão traiçoeira. E que você não precisa e não deve ouvi-la sempre.

Mas nesse choro confuso, por essa tal dor de cabeça, me reencontro. Chorar alivia essas dores de mãe. Essa pausa, necessária, me faz recuperar as forças e recomeçar. Nesse momento lembro que eu sou um ser humano como qualquer outro e também preciso de cuidados. Que eu posso e preciso tirar um dia pra descansar, que eu tenho todo direito de ter um tempo pra mim também.

Eis que devemos encarar a maternidade como ela realmente é. Essa busca, inútil, pela mãe perfeita, não nos levará a lugar algum. Se não soubermos lidar com essa tal culpa, ela nos adoece. Precisamos aprender de uma vez por todas que não temos nos cobrar tanto, e que é preciso desligar-se, é preciso tirar um tempo e descansar (na soneca do bebê que seja, deixe a louça pra depois). Silencie essa culpa e ouça seu coração. Você é a melhor mãe que seus filhos poderiam ter. Um dia ruim não te faz uma mãe ruim.

Permita-se chorar, permita-se ficar só e recomeçar, quantas vezes for preciso para lembrar que NÃO PRECISAMOS DAR CONTA DE TUDO.

Resiliência Humana

Bem-estar, Autoconhecimento e Terapia

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