Dia desses li um comentário de um leitor que dizia que se entregar demais era um erro. Acho que amar demais nunca é um erro. O erro é se entregar por inteiro pra alguém que é metade. O erro é doar-se com toda intensidade pra alguém que não é capaz. O erro, é desacreditar, inclusive no amor, por tão pouca pessoa. O erro não está em você se doar demais, o erro está em quem não consegue reconhecer alguém capaz de realizar o amor. Você não se torna trouxa por ter dado tudo de si pra alguém que não te deu nem metade, você se torna trouxa por insistir em ser importante pra alguém que te trata com tanta irrelevância. As decepções servem justamente pra te fortalecer, você tem todo direito de se reservar e ir com cuidado da próxima vez, mas não tem o direito de, sequer, deduzir que o amor é um erro.
O erro é esquecer de você e viver o outro, é deixar tua vida pra depois por outra pessoa, porque amar é justamente o contrário. É viver a tua vida, permitindo que o outro a conheça. É aceitar que o outro entre na tua vida e não ter medo de que ele possa um dia ir embora, porque quando você aceita a sua liberdade, você aceita também que as pessoas são livres e que podem partir a qualquer momento. Amar é estar bem consigo mesmo, porque se você não é autossuficiente pra se cuidar e estar bem com você mesmo, não vai conseguir achar paz de espírito do lado de fora. Imagina que o amor próprio é a tua base, e não egoismo, você vai precisar dele pra te levar só onde te traga paz, pra te fazer ficar só onde for realmente justo. E se tem uma coisa que o amor não é, é injusto.

O erro é perder tempo com gente que só te faz perder a cabeça, é reclamar da ausência do outro que nunca se tornará presença porque se o outro tivesse realmente afim, você não estaria perdendo tanto tempo assim pelos mesmos motivos. O erro é esperar demais de alguém que nunca cumpre, e expectativas sempre geram péssimas frustrações.

Amar não é um erro. O erro é correr atrás de alguém que nunca está na mesma direção que você. Primeiro que, se for amor ele não vai correr de você, ele vai preferir ficar do teu lado, assistindo um filme, ou comendo Sushi, ou tomando uma gelada, ou fazendo qualquer coisa que te torne uma das poucas pessoas mais importantes ao ocupar o tempo e a vida dele, sem que ele precise se preocupar. O erro é insistir em quem não soma, só consume, em que sempre encontra um motivo pra te falar sobre seus defeitos e que nunca enxerga os seus acertos. O erro são pessoas mais ausentes que presentes, e dessas, você também não precisa. O erro é ficar com alguém que só acumula desculpas e promessas, que te coloca sempre na espera de que um dia vai mudar e vai te fazer bem. Se alguém precisa realmente mudar pra te fazer bem, você não precisa dessa pessoa.

Amar não é um erro. O erro é esquecer de si mesmo, é esquecer que você só consegue encontrar alguém que te faça bem, quando estiver bem com você. Quando aceitar que você mesmo é capaz de se fazer muito bem, você terá segurança suficiente pra aceitar que ficar com alguém que te faz mal não faz sentido, que o apego é até bonito, mas só quando alguém tem o mesmo apreço por você, quando existe envolvimento e sentimento suficiente ao ponto de sentir que amor nos faz mais importante pro outro, caso contrário, o desapego é o melhor caminho pra indecisão. Se alguém insiste em te mudar, esse alguém não gosta de quem você é. Quando aprendemos a nos amar, nos bastamos, e tudo que não for completo, tudo que for tão raso, tudo que não vier pra somar, melhor sumir.

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Sou recifense, 24 anos, apaixonado por cafés, seriados e filmes, mas amo cervejas e novelas se houver um bom motivo pra isso. Além de escrever em meu blog pessoal e por aqui, escrevo também no blog da Isabela Freitas, sou colunista do Superela e lancei o meu primeiro livro em Novembro de 2014 pela Editora Penalux. .