❥ O problema do auto-sacrifício no amor

Amor é força de vida. Há quem defenda que nós precisamos dele para viver. Na nossa cultura contemporânea onde tudo muda muito rápido, sem dúvidas ele adquire o status de muita importância, talvez como um dos poucos pontos de segurança em meio a tanta liquidez; é nosso porto seguro.

Mas o quanto você está disposto a pagar por amor?

Para algumas pessoas, a resposta para essa pergunta é o absoluto extremo de suas próprias identidades. Mesmo que não percebam a nível consciente, estão preparadas para abrir mão de tudo o que são em nome da segurança do ‘amor’. Para piorar este cenário, frequentemente encontram a outra metade dessa equação: quem exija esse abandono como prova de amor.

Ciúmes. Posse. Controle. Para você alguma dessas palavras parece uma forma de amor?

Pois, para muitos, elas são! “Ah, que bonitinho, ele tem ciúmes de mim! É porque ele me ama!”; “Oh, ele me quer só para ele, que romântico!”

Pouco a pouco, vão abrindo mão de si mesmas: dos amigos, das coisas que gosta e da própria identidade. Afinal, ambos estão destinados a ficarem unidos para sempre e, quanto mais proximidade, melhor, não é?!

O problema é que existe um outro elemento nesta equação: o desejo.

O desejo é uma força intensa, selvagem, às vezes, mas também sensível. É como uma chama: ardente em vida, mas basta abafá-la e ela morre.

O desejo só existe quando há diferença. O controle, a posse e o domínio que são movidos pela insegurança a apagam pouco a pouco, até o momento onde dois se tornam apenas um só. Quando alguém se apaga por completo para viver na sombra do outro, desaparece aos seus olhos. É neste momento que deixa de ser interessante.

Como forma de arejar, o lado menos apagado da relação pode buscar alguma distância saudável. Seu movimento, entretanto, ativará na parte mais dependente o terror do desamparo. Como modo de compensar, este lado tende a avançar. Quanto mais avança, mais afasta o outro. Ambos sentem-se sem vida na relação.

O resultado pode apenas ser catastrófico, especialmente para quem pagou o maior preço. Ausente de si, tem o outro como necessidade vital.

Amor é paradoxo: ele precisa de proximidade, mas também da distância saudável para que cada um possa continuar existindo.

Se você se abandonar, será de igual maneira abandonado.








Gaúcho, graduado em psicologia e estudante apaixonado das relações humanas e da pluralidade do amor. Acredita que este sentimento é sempre saudável quando é uma via de mão dupla e mútuo crescimento. Nas horas vagas, dedica-se a escrever sobre o amor e suas complicações na página Relações Perigosas no Facebook.