O aperto, o desespero é irreal. Naqueles poucos segundos onde as palavras malditas entram pelos seus ouvidos e olhos. Tudo o que você evitou escutar, evitou pensar, evitou falar em voz alta. Todas as suas intuições sobre aquela pessoa, aquele relacionamento, aquele comportamento que estava estranho a dias. O nó na garganta, a dificuldade de respirar. A dor da rejeição, de se sentir descartada, trocada. “Cortem-lhe a cabeça”, diria a Rainha de Copas.

 

Depois vem um grande vazio. Um nada. Um estado de torpor e cansaço. Custamos a acreditar. Pensamos em todos os nossos argumentos. Onde eu errei? Onde ele errou? Quem era ele afinal? Só um acumulo das minhas fantasias? Muito provavelmente. Ele é ele.

Sempre ele. Com suas verdades irrefutáveis. Suas certezas absolutas. Seus julgamentos não admitidos. Você é a vítima? A pobre coitada enganada desde o começo? Até pode ser. Raramente é o caso. O outro se mostra em pequenas atitudes. Nas faltas, nos excessos. Nas vicissitudes, nas acrobacias psicológicas. Eu não te enganei? Não? Será? Se enganou talvez e me fez me enganar? Tudo vira uma grande rede de enganos. De “não era bem isso” sem desculpas. De “me sinto culpado” sem verdade. Eu, eu, eu. Foi isso desde o começo. Era você lá e eu remando o barco sozinha. Não se culpe, eu sabia. Não se preocupe, eu me recupero. Eu sabia o tempo todo. Só não queria enxergar. Ou só admitir.

Depois começa a passar. Você se lembra de quem você era antes dele. Antes de tudo. Você se lembra que precisa trabalhar, muito. Que as contas não se pagam com amores que não existem. Você remarca a manicure e chora as pitangas para ela. Refaz a massagem aos prantos. Pinta a raiz dos cabelos. Até que tudo volte para os seus eixos. Um dia você acorda e ele não é o seu primeiro pensamento. Passa pela sua mente, lá pelo meio dia, quando você vê um carro branco ou quando sente cheiro de cigarro. Depois some. Você vai esquecendo o rosto. O jeito. O cheiro familiar. Um dia, enfim, ele é só uma lembrança.

 

E outras virão, outros pensamentos, outros enganos. Uma estalkeada no perfil numa terça chuvosa. A nova namorada. Seu novo namorado. Tudo passa. Sobra a experiência e a promessa: não se enganar mais. Acreditar no amor, mas sem fantasiar. Será?








Terapeuta porque adora ajudar as pessoas a se entenderem. Escritora pelo mesmo motivo. Apaixonada por moda, dança, canto, fotografia e toda forma de arte. Adora pão de queijo e café com leite e não pretende mudar o mundo, mas, quem sabe, uma pequena parte da visão que temos dele. Espaço Terapêutico Andrea Pavlovitsch Av Dr. Eduardo Cothing, 2448A Vila Formosa - São Paulo - SP +55 (11) 3530 4856 +55 (11) 9.9343 9985 (Whatsapp) [email protected]