Quando a mãe nasceu em mim… Me trouxe raízes… Tudo pronto, a bagagem de uma vida inteira fechada em 60cmx80, uma pequena mala de rodinhas. Toda a sua história de vida, de amor e ódio, de alegria e tristeza, de vindas e despedidas… chegara a hora de seguir, subir mais um degrau em direção aos seus sonhos. Ela sempre soube que foi feita de idas e vindas, e que começando a acostumar precisaria seguir viagem.

Quando fechou o zíper da pequena mala em que toda a sua vida estava dentro, seus olhos se encheram de algo que não sabia explicar, eram lágrimas misturadas a curiosidade, saudades, algumas incertezas, outro tanto de certezas. Ela não era o acaso, era sincronia pura. Não sabia o que realmente queria fazer, nem para onde deveria ir na próxima estação. Vivia pra viver e sempre teve muita vida pulsando em cada célula. A bagagem era pequena, mas não precisava ser enorme para caber todas as brevidades que ela se permitia viver.

Quando olhou para o céu de nuvens brancas, naquele dia em que se preparava para subir mais uma vez em uma aventura que passava galopante a sua frente, algo a travou. Um amargor na boca, uma tonteira estranha. Não fazia ideia que a semente que plantara a faria criar as tão medonhas raízes. Ela sempre teve medo das raízes, jurava que nasceu para ser passarinho, criando ninhos em cada canto que passasse. Mas a vida, a vida é um mágico de cartola e vareta que coloca os encaixes desse enorme quebra-cabeças em seu devido lugar.

Foi justamente quando estava se despedindo mais uma vez, saindo em direção ao desprendimento, que a vida resolveu que era hora de ficar. Que algo maior precisava nascer e que ela, que nunca queria parar para olhar, precisava agora enxergar o que viera fazer nascer neste mundo. Não era sobre desapego, era sobre permanência. Sobre ir e vir e também sobre o ficar. Era hora de reconhecer-se nos olhos que via pelo espelho. E foi assim, no dia de nuvens brancas, de passagem comprada e de coração alegre e apertado que ela recebeu a notícia que mudaria todo o resto da sua vida, sua semente estava germinando.

Raízes anunciadas, uma vida de gente grande e um medo na boca do estômago, nada de malas, nem rodinhas, apenas bagagem e calmaria. Agora era hora de ficar. Estava feliz, mas tinha receio, não fazia ideia de como fazer isso dar certo. Sabia lidar com os imprevistos, mas com as certezas, as certezas assustavam.

Se colocou de lado em frente ao espelho e tentou se enxergar em um novo formato, impossível, seus olhos não conseguiam ver o que jamais viram. Mas aceitou com amor toda aquela metamorfose ambulante. Passaram dias, semanas, meses. Ela foi compreendendo o quanto essa mudança é maravilhosa, o quanto permanecer também é mudar, que desapegar também gera apego, que viver é uma arte de aprender a lidar com o que vier.

Já não sabia como era a vida antes, e pensava: como eu nunca pensei que isso era possível? E passaram-se meses após aquele dia em que ela precisou ficar. Sentia-se mais forte, mas determinada e corajosa. Percebeu que ganhou muitas coisas que, em uma vida inteira de aventuras não conquistou. Chegou o dia que ela iria conhecer os olhos misteriosos que habitavam o seu ser. Os pezinhos que fincaram os seus, as mãozinhas que a seguraram quando o medo começava a vir. Ia conhecer a boca que falava por ela e sua expectativa era ouvir seu primeiro chorinho.

Lembrou-se do dia em que percebeu que algo havia mudado seus planos pra sempre, lembrou da sua mala, dos sonhos que carregava em seu coração e da sua vida tão engraçada, entendeu tudo em um momento de epifania, tudo fez sentido.

Era exatamente nesse lugar que ela precisava estar. Aqui, agora esperando ansiosa pela vida que mudou a sua pra sempre.

Ela olha pela janela do quarto de hospital, lá fora um dia de sol colorido e alegre, apesar do frio, um medo corajoso pulsa nas batidas do coração, uma certeza vibra em seus pensamentos, agora ela precisa de uma mala maior, talvez 3 ou 4, talvez tenha que levar a casa inteira quando for sair, mas as histórias, ah! as histórias agora serão mais coloridas e cheias de verdadeiro aprendizado. Agora ela não é mais só e suas histórias irão valer por 2!

SÓ O CHEIRO DA MAMÃE CONFORTA, ASSISTA!

Cheiro de Mãe Acalma

Esse bebê estava Sentindo falta da mamãe.. Até o papai lhe dar uma Blusa da Mamãe .. e a Magica Acontecer <3 Muito Amor EnvolvidoSer Mãe.

Publicado por Ser Mãe. em Sábado, 14 de outubro de 2017








Carol Daimond, mineira de Divinópolis, bacharel em Direito e apaixonada pelas palavras entrelaçadas, mãe, mulher e terapeuta thetahealer, uma mistura de mulher que a cada dia se reinventa em busca da sua melhor entrega em partilha para o mundo. Sua jornada como escritora começou de brincadeira e tem se tornado cada dia mais a sua marca pessoal de verdade e essência.