Psicopatas corporativos: líderes que alcançam sucesso, mas causam sérios danos em seus funcionários!

Por Valeria Sabater

Robert Hare, um psicólogo especialista em psicologia criminal, define psicopatas corporativos como cobras de terno. São líderes com comportamentos manipuladores e altamente prejudiciais que deixam sérias conseqüências entre todos os membros das empresas.

Estamos em um momento em que ouvimos cada vez mais falar sobre a necessidade de aplicar inteligência emocional em nossos ambientes de trabalho.

Embora seja verdade que já existam organizações muito competentes nesse fator, é inevitável destacar uma realidade que muitos conhecerão.

Falamos sobre a presença de psicopatas corporativos, os líderes que magoam, manipulam e humilham e ocupam altos cargos nas empresas.

Por que isso acontece?

Há certas vozes que apontam para algo surpreendente: as posições mais relevantes são assumidas por pessoas com traços psicológicos que se confinam à psicopatia ou, mais especificamente, àquela tríade sombria onde coabitam o narcisismo, o maquiavelismo e ao transtorno de personalidade.

É como se certos componentes desse tipo de caráter fossem adaptados a certas posições de poder, seja no nível executivo ou político.

Quase instantaneamente vem à mente uma imagem do filme psicótico americano, e talvez isso levasse esse assunto a um extremo um tanto desproporcional.

No entanto, isso não tira uma certa parte da verdade, que constam em estudos e livros como Snakes in Suits: When Psychopaths Go to Work, do Dr. Robert Hare, e nos alertam que muitas empresas procuram usar exatamente esse tipo de perfil para atingir o sucesso.

A razão?

Porque são carismáticos, arriscados e altamente decisivos. Vamos pensar que nem todos os psicopatas são como Hannibal Lecter ou Dexter Morgan.

De fato, a grande maioria deles, longe de cometer atos violentos, o que realmente aspiram é ter poder, exercer controle, ser o centro das atenções, ser a figura que está acima dos outros em qualquer empresa.

«A característica marcante do psicopata corporativo é a incapacidade de formar equipes viáveis».-Robert Hare-

Psicopatas corporativos: como são e por que alcançam o sucesso

Muitas pessoas vão à terapia psicológica depois de serem vítimas de um chefe com comportamentos psicopatas. Assim, deve-se notar que é sempre mais preciso falar de “comportamentos psicopáticos” do que de “psicopatas” como tais, porque não temos os relatórios clínicos desses líderes executivos. Portanto, não seria sensato arriscar um diagnóstico e um rótulo de maneira precipitada.

Mesmo assim, o esboço e a contaminação desse tipo de comportamento no nível organizacional são frequentes e, portanto, é muito comum ouvir que “meu chefe é um psicopata”.

Em livros tão interessantes quanto The Wisdom of Psychopaths, do Dr. Kevin Dutton, somos informados de que 1 em 100 diagnósticos psiquiátricos feitos diariamente detectam um psicopata.

De fato, de acordo com um estudo do Dr. Kent Kieh, da Universidade do México, 93% da população carcerária sofre de um distúrbio anti-social da personalidade e, dentro disso, eles têm uma pontuação alta na personalidade psicopática.

O outro setor da população (e não criminoso) onde abundam os psicopatas está no nível da empresa e, especificamente, entre os CEOs.

Isso significa que esse tipo de personalidade é adequado para essas posições? A resposta é “não”.

Eles não são de todo, porque, como o Dr. Robert Hare, especialista em personalidade psicopática, aponta, a longo prazo, seus efeitos são muito prejudiciais. No entanto, sim, ao selecioná-los, eles parecem mais adequados.

Psicopatas corporativos: um perfil mais sofisticado

Nem todos os psicopatas são iguais, nem todos cometem atos criminosos, nem todos alcançam sucesso social. Há uma proporção deles com características mais únicas. Para entender melhor, citaremos um estudo realizado este ano pela Dra. Emily Lask, da Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos.

Os psicopatas corporativos, ou seja, aqueles que obtêm sucesso, têm maior controle sobre seus impulsos anti-sociais. Eles conseguem mascarar muito bem a instrumentação que fazem das pessoas para evitar a sanção social que receberiam ao conhecerem suas verdadeiras intenções. De longa e média distância, eles exalam um encanto notável e até uma grande humanidade, sendo tudo um disfarce.

Neste estudo, também vimos que esse tipo de perfil de personalidade tem uma densidade mais alta de massa cinzenta no córtex pré-frontal ventrolateral. É precisamente essa característica que lhes permite regular seus impulsos anti-sociais.

No entanto, apesar de terem essa vantagem, eles continuam mostrando menos desempenho em circuitos cerebrais empáticos. No entanto, isso não significa que eles não possam simpatizar com os outros, porque na realidade eles podem, mas seu interesse é meramente instrumental: o objetivo é conectar-se para controlar e subsequentemente manipular os outros para obter poder.

Comportamentos psicopáticos não são lucrativos e deixam consequências psicológicas

Os psicopatas corporativos foram muito frequentes nas décadas de 80, 90 e no início do novo milênio. Agora, nos últimos anos, e graças à introdução de habilidades sociais, como inteligência emocional, a realidade está mudando. E pouco a pouco, é verdade, mas há algo que, da psicologia organizacional, temos claros é o seguinte:

Muitas das perdas de trabalho são causadas pelo impacto psicológico causado por esses tipos de líderes. Um exemplo, na France Telecom, um certo número de funcionários cometeram atentado contra a própria vida por causa das práticas gerenciais de seus chefes.

Algo que Robert Hare aponta – em seu livro Snakes in Suits – é que os psicopatas corporativos não são lucrativos para a empresa. As equipes de trabalho que eles criam não duram, são muitas demissões, baixas, clima ruim são abundantes e também não hesitam em recorrer a práticas ilegais que colocam a empresa em risco.

Para concluir, devemos usar filtros apropriados nos processos de seleção para detectar esses tipos de personalidades.

Às vezes, após a resolução, a segurança pessoal, as habilidades de liderança e o dom das pessoas podem encontrar essa tríade sombria. A longo prazo, um líder com essas qualidades pode ser devastador.

*Tradução e adaptação REDAÇÃO RH. Com informações de La Mente Es Maravillosa.