Nesta última quinta-feira (8), o Vaticano anunciou oficialmente o cardeal americano Robert Francis Prevost, como o novo papa. Ele assumiu o papado com o nome de Leão XIV, tornando-se o primeiro pontífice nascido nos Estados Unidos.
Sua escolha, no entanto, já movimenta o cenário político americano, especialmente por seu histórico de postagens críticas a figuras influentes do Partido Republicano, incluindo o presidente Donald Trump.
Apesar de sua nacionalidade, Leão XIV não era o nome favorito de Trump no conclave. Em 2015, quando ainda era bispo e menos conhecido do grande público, Prevost compartilhou em seu perfil no X (antigo Twitter) um artigo do cardeal Timothy Dolan criticando a retórica anti-imigrante de Trump, à época pré-candidato à presidência dos EUA.
O texto classificava o discurso de Trump como “problemático e divisivo”.
Já em fevereiro de 2025, Prevost também compartilhou críticas públicas ao atual vice-presidente dos EUA, JD Vance, por conta de declarações consideradas ofensivas a grupos vulneráveis.
Esse posicionamento nas redes sociais mostra uma proximidade ideológica maior com o legado de Francisco, pontífice que defendeu a acolhida de imigrantes, o cuidado com os pobres e o enfrentamento das desigualdades sociais.
Questionado sobre o conclave antes da escolha do novo papa, Trump afirmou não ter um favorito declarado. Contudo, fez elogios ao cardeal Timothy Dolan, de Nova York — um nome mais alinhado a setores conservadores.
“Temos um cardeal de um lugar chamado Nova York que é muito bom. Vamos ver o que acontece”, comentou em entrevista no fim de abril.
Esse distanciamento evidencia a tensão velada entre a atual administração americana e o novo pontífice, que promete dar continuidade à linha mais progressista e inclusiva defendida por Francisco.
Robert Prevost nasceu em Chicago, em 1955, e tem 69 anos. Entrou para a Ordem de Santo Agostinho em 1977 e foi ordenado sacerdote em 1982. Durante mais de uma década, atuou como missionário no Peru, onde se destacou pelo trabalho com comunidades carentes e indígenas.
Sua trajetória inclui estudos na Catholic Theological Union e atuação como bispo, superior religioso e, mais recentemente, como prefeito do Dicastério para os Bispos — um dos cargos mais importantes do Vaticano.
Com a morte de Francisco em 21 de abril, o cargo de papa ficou vago até a eleição no conclave realizado nos dias 7 e 8 de maio. Leão XIV se tornou o 267º papa da história da Igreja Católica.
A postura de Leão XIV já indica que sua liderança pode manter o olhar voltado para temas urgentes do mundo moderno, como justiça social, migração, diálogo inter-religioso e proteção dos marginalizados.
Sua visão pode causar tensões com governos de orientação conservadora, mas também pode representar um novo fôlego para uma Igreja mais conectada com as demandas do século XXI.
Imagem de Capa: Donald Trump/Vatican News
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