Não existe receita para felicidade. Felicidade, inclusive , é um conceito altamente subjetivo como amor , sucesso, sentido da vida. Cada um encontra forças para acordar de manhã num lugar diferente. O que nos move é individual e intrasferível.

Portanto, dedico este artigo às pessoas que, como eu, aspiram á uma vida mais simples. Se você , caro leitor , acredita que luxo e status social são elementos indispensáveis para uma vida feliz, não se sinta ofendido. Este artigo apenas não está direcionado à você, o que não representa nenhum grande drama pois cada artigo é parcial e subjetivo.

Sim, busco por uma vida mais simples. E como simples refiro-me a uma vida menos protocolar , menos formal, com menos necessidade de enquadramento num sistema fechado e rígido, com mais dúvidas do que certezas, com mais perguntas inteligentes a fazer e a ouvir , do que respostas prontas na ponta da língua.

Por simples , entendo uma vida com menos necessidade de autoafirmação. Uma vida em que a gente não precisa ficar provando o tempo todo o nosso valor pois quem amamos e quem nos ama já sabe o valor que temos. Uma vida com menos regrinhas bobas, com mais horários flexíveis , com mais programas decididos de última hora , com mais sorrisos e risos espontâneos, com mais brilho nos olhos , com mais piadas, com mais espontaneidade, com menos ansiedade diante da rigidez da rotina, com mais conversas jogadas fora.

É horrível quando tentamos o tempo todo convencer as pessoas sobre algo ou quando tentam nos convencer. É horrível viver numa eterna negociação, numa eterna guerra de egos , se desgastando por provocações mínimas, se estressando por pequenos imprevistos, transformando tudo em algo pesado. Por que o outro precisa sempre concordar com o nosso ponto de vista?

Obviamente , algumas questões realmente são pesadas e nos afetam. Não dá para ser light o tempo todo. Não se importar com nada pode ser sinal de letargia emocional. Por outro lado, transformar tudo em algo pesado reverte a nossa existência em uma tortura.

Sim, busco por uma vida em que estar feliz conta mais do que aparentar felicidade. Busco por uma vida em que o amor seja mais importante do que as conveniências que unem os casais. Busco por uma vida com menos amigos de mais qualidade. Busco por uma vida em que se divertir e ter conforto pesa mais do que estar moda. Busco por uma vida com mais conteúdo. Com mais sentido nela mesma. Que a felicidade não se encontre no que está por vir. Naquilo que talvez nunca aconteça. Que a felicidade seja vivida hoje e que a gente saiba reconhecer o momento atual como um momento feliz.








Viciada em café, chocolate, vinho barato, filmes bizarros e pessoas profundas. Escritora compulsiva, atriz por vício, professora com alma de estudante. O mundo é o meu palco e minha sala de aula , meu laboratório maluco. Degusto novos conhecimentos e degluto vinhos que me deixam insuportavelmente lúcida. Apaixonada por artes em geral, filosofia , psicanálise e tudo que faz a pele da alma se rasgar. Doutora em Comunicação e Semiótica e autora de 7 livros. Entre eles estão "Como fazer uma tese?" ( Editora Avercamp) , "O cinema da paixão: Cultura espanhola nas telas" e "Sociologia da Educação" ( Editora LTC) indicado ao prêmio Jabuti 2013. Sou alguém que realmente odeia móveis fixos.