É a pergunta que me fiz incessantemente essa semana, sempre seguida de: “que tipo de terapeuta você quer ser?”.

Aprendemos, sob o guarda-chuva cristão, que é preciso cuidar do outro, olhar o outro. Que olhar para si é egoísmo. Osho dizia que essa é uma fórmula super eficiente criada pelas religiões para manipular massas: sem o fortalecimento pessoal, fica mais fácil ser levado.

Há mais questões envolvendo isso: entendi, há algum tempo, que estamos em meio a uma multidão de pessoas cujo vazio interior é um projeto calculado, porque isso as torna dependentes. Neste saco que não tem fundo a sociedade se desintegra.

Gente plena que se junta com gente plena cria a plenitude máxima em todos os setores.

Esperamos ser preenchidos por um amor que nos realize, por um político honesto que nos salve. Por um professor que nos ensine a passar no vestibular, por uma empresa que reconheça nosso trabalho pagando um salário justo, um estado-mãe que nos sustente na velhice ou nos ofereça atendimento em saúde quando sequer sabemos de onde vem o que ingerimos e o impacto disso.

Não há nenhum incentivo a olhar para si, para a própria saúde, para sua vida.

A questão é que este também virou um grande filão do mercado, porque no meio do vazio e da dor, quem pode busca paliativos. A doença gera muito mais dinheiro que a saúde, e a gente sabe que a medicina tradicional, os laboratórios farmacêuticos, funcionam assim.

A novidade é que, às vezes seguindo um instinto louvável de cuidar dessa sociedade doente, e com resquícios da lógica cristã, muita gente decide ter como profissão ser terapeuta, sem antes se curar ou pensar à respeito do que está fazendo. E então, embarca na lógica da doença como fonte de renda, além de muitas vezes não ter preparo para cuidar de ninguém, porque não se cuidou.

É um novo mercado holístico que, ao invés de incentivar que o paciente vá na origem da dor e do estresse, o deixa emocionalmente dependente de terapias de cuidado.

Eu quero ser terapeuta porque é mais forte que eu. Porque veio em sonhos, porque é uma fome que não vai ser saciada se eu não for em busca do que me foi sugerido. Mas antes, há tanta coisa a aprender, tanta limpeza a ser feita, que não adianta eu me fantasiar, usar branco e pendurar um lenço no pescoço, fazer três cursos, começar a falar manso, dominar três técnicas e atender por aí.

Para ser terapeuta, estou atravessando um enorme deserto em mim mesma, até mesmo para responder à segunda pergunta, que ainda não chegou: terapeuta de quê?

Por enquanto, a única coisa que sei é: terapeuta do preenchimento interior. Quero ajudar pessoas a não precisarem de terapia…

Estou mergulhando em técnicas e também em desconstrução pessoal.

Assim, sigo compartilhando sobre essa jornada técnica, filosófica e prática.

Enquanto não chego a um ponto seguro da jornada, continuo a promover cursos e retiros de quem já sabe um tantinho a mais que eu. De preferência, de quem nunca encerra a travessia.








"Jornalista, produtora e terapeuta em permanente construção. Terapeuta do Deserto é o nome que encontrei para representar meu “eu pensante” em transformação - movimento este que, confesso, não pedi. Mas ao entrar em contato profundo comigo a partir do yoga e depois de outras mil ferramentas de autodesenvolvimento, o processo se tornou sem volta. Compartilho minhas experiências e visão deste despertar, agora aportando na mágica cidade de Alto Paraíso de Goiás.