Já vi alguns amores nunca se concretizarem ou mesmo se perderem pelo caminho pela incapacidade que algumas pessoas possuem em dizer o que sentem! Por que será que isso acontece?

Uma criança sente e se expressa de maneira espontânea, sem julgamentos, fala o que vem a cabeça! Mas no mundo adulto, as coisas não funcionam assim, toda esta espontaneidade, pode acarretar sérios prejuízos nos relacionamentos.

É importante que uma criança receba limites, mas a forma como estes limites são dados é que farão grande diferença.

Quando os limites são impostos de forma amorosa e suave e há uma permissão dentro de casa para se viver as emoções, a criança aprende a manejar a intensidade das mesmas, e vai criando um repertório emocional, bem como, uma expressão saudável.

Porém, se uma criança, sempre que demonstrar e expressar seus sentimentos escutar frases como:

“Engole o choro! ”

“Vou contar até três! ”

“Se não parar de chorar vai apanhar mais e aí vai chorar com gosto! ”

“Se der ataque vou deixar você aí sozinho! ”

Muitas vezes não são necessárias as palavras, uma simples forma de olhar, já pode causar um dano.

Se a criança recebe esse tipo de imposição, essa é a forma como é educada e ensinada a lidar com suas emoções, e pode causar um grande trauma que se manifestará na vida adulta, além de emaranhados nós e bloqueios em suas emoções e em sua forma de ver e se expressar no mundo.

Quando uma criança aprende dentro de casa que falar e expressar sentimentos é algo feio ou perigoso, ela começa a bloquear suas emoções.

No fundo, todos queremos ser amados e aceitos e quando uma criança percebe que alguns comportamentos não são aceitos por aqueles que ela mais ama, na ânsia por ser amada, ela acaba acatando tudo que é falado pelos adultos como verdade e entendem que devem esconder esses sentimentos, tanto deles, quanto das outras pessoas.

Como não é possível excluir um sentimento de nossa vida, ou deixar de sentir, vamos aprendendo a bloquear as emoções, e quando praticamos um mesmo comportamento, muitas vezes, ao longo do tempo, ele se torna automático.

Com o passar dos anos, paramos de perceber que estamos negando as nossas emoções, e muitas vezes, fica difícil conseguir entender o que sentimos, e mais difícil ainda, expressar.

Essa situação piora muito quando nos apaixonamos.

Os sentimentos afloram e ocorre um verdadeiro revertério no sistema.

As emoções começam a eclodir, e com elas, aparecem a alegria, o êxtase, o prazer, a insegurança, o ciúmes, medo, muito medo!

Medo de amar, medo de não ser amado, e acreditem, medo até de ser amado!

Medo de não dar certo, e pasmem, a quem sinta até medo de que dê certo! De que seja recíproco e de que seja feliz!

Sim! Para quem não aprendeu desde criança a expressar os sentimentos. A felicidade pode causar medo!

Com todos estes medos acabamos nos fechando para a vida, utilizando um mecanismo de defesa, que muitas vezes nos impede de viver.

Nos fechar, pode nos proteger da rejeição, da dor mas, ao mesmo tempo, também nos afasta da felicidade, do prazer e de toda a alegria que um amor bem vivido nos traz!

As pessoas não estão dentro da nossa cabeça.

Esta história de: “ É óbvio que ele sabe que eu gosto dele” ou, “ Este tipo de coisa não precisa ser dita, as pessoas percebem”, faz muito mal, a quem convive conosco, e espera ser valorizado e amado por nós.

O “não dito” é um grande mal nos relacionamentos! Pois as palavras ficam pairando no ar, uma atmosfera densa se instala, mas continuamos fingindo normalidade e escondendo a sujeira embaixo do tapete.

Quando o “não dito” finalmente pode ser expresso de maneira construtiva, as tensões são aliviadas e a outra pessoa, agora sim, pode participar e transformar o monólogo em um diálogo.

Pior ainda é quando além de não dizer o que sente, a pessoa, ainda se empenha em fazer um personagem orgulhoso que se esforça em demonstrar o contrário do que sente.

Não faça isso! Não faça jogos.

Quando você começa a estabelecer jogos afetivos, não é para o outro que você está mentindo é para você mesmo! Não é ao outro que você esta enganando, é a você mesmo! E você não está omitindo informações ao outro, mas sim, de você!

Uma vez me perguntaram: Será que eu estou sentindo errado?

Eu respondi que não existe sentir errado, a gente sente o que a gente sente e pronto. E falar sobre o que a gente sente é um verdadeiro bálsamo para a alma.

Quando a gente diz o que sente, a gente imediatamente se sente leve, livre e autêntico.

Precisamos aprender a desatrelar a nossa fala da resposta do outro!

Precisamos falar muitas vezes independente de qual for a resposta do outro.

Às vezes, precisamos de ajuda terapêutica para acessar e expressar nossas emoções, e recorrer a todo um processo de descongelamento de nossas emoções mais primordiais que estavam guardadas.

Sugiro: Antes de falar com o outro, fale para si mesmo!

Entender o que queremos expressar, escrever o que se sente ou organizar os sentimentos e pensamentos em terapia faz toda a diferença. Estas alternativas podem ser uma saída muito boa para quem está no início do processo.

E vale lembrar:

Existem inúmeras formas de se dizer a mesma coisa.

A assertividade, a comunicação não-violenta, estão aí para nos ensinar uma comunicação que constrói pontes ao em vez de muros e que estimula uma comunicação construtiva.

Dizer o que sente de forma agressiva e violenta pode causar muita dor e dificuldades, e causar maiores afastamentos! Neste caso, especificamente, o silêncio é mais favorável até que as emoções se acomodem e as palavras se tornem mais gentis.

Acredite, é melhor se arrepender por dizer: eu gosto de você, vamos ficar juntos! Do que se arrepender de não ter dito.








Psicóloga clínica, terapeuta corporal, consteladora familiar e orientadora profissional. Escritora e facilitadora de workshops, palestras e grupos terapêuticos que visam auxiliar as pessoas a reconhecer e ativar sua potencia de realização e alegria de viver através da reconexão com a sua verdadeira essência, do profundo cuidado com o sentir e com o poder de expressar suas emoções mais genuínas. Desenvolve trabalhos personalizados para grupos e empresas.