Autores

Por que a raiva e o ódio deixam dolorosas cicatrizes na mente e no coração das pessoas?

Não é exagero dizer que vivemos a era da raiva e do ódio. Há uma divisa imperceptível entre a raiva, que é uma emoção e o ódio, que é um sentimento. Porém, o ódio é mais perverso que a raiva, porque é um comportamento tão primitivo quanto o amor.

A raiva não gera sofrimento duradouro, mas um estresse transitório, já o ódio provoca sofrimento crônico, como angústia e ansiedade. A raiva tem uma função necessária, que nos possibilita expor as nossas emoções negativas, mesmo assim, se mistura com o ódio.

A raiva é uma emoção que vivenciamos, mas que não tem um objeto exclusivo. Enquanto que para odiar é preciso almejar o objeto/odiado. Entretanto, surge um grave problema quando a raiva e o ódio são usados como mecanismos de proteção contra o medo, que impulsiona o uso da violência para destruir uma pessoa ou grupo.

Para o sociólogo Zygmunt Bauman, o ódio na sociedade líquida está vinculado ao medo onde as nossas conquistas são temporárias. É por isso, que não confiamos em ninguém e mantemos relações dissolúveis com as pessoas. Hoje os nossos medos se tornaram insuportáveis.

A raiva e o ódio se transformam em agressões verbais (bate-bocas e ofensas) e não verbais (brigas e vandalismo). Essas agressões são movidas por diferença de raça, social, econômica, gênero, sexo, religião, ideologia e até pessoal, tornando as pessoas e grupos inimigos comuns, que se destroem numa relação de perseguidos/perseguidores.

A raiva e o ódio também são usados como instrumentos de poder, que têm a paixão em lesar a vida e o prazer em alimentar as diferenças entre “nós” e “eles.” O discurso de ódio parece que fornece uma sensação de alívio, por ter a oportunidade de descarregar a hostilidade reprimida.

Segundo o psicanalista Erich Fromm, o ódio pode materializar-se diante de uma ameaça realista ou irreal. E por trás disso estão o preconceito, a intolerância e o egoísmo, que podem causar sofrimento ou destruição dos que são diferentes do “meu eu” e do “meu grupo.”

Portanto, se a raiva e o ódio virar – um estilo vida – necessitarão nutrir relações levianas, impor a dominação, exigir a obediência, infligir o remorso e estabelecer a falta de empatia. Essa destrutividade é o produto da vida não vivida, que é fonte que provém de variadas manifestações do mal.

Assim, que notarmos que estamos na mira das “armadilhas” da raiva e do ódio, a melhor coisa é afastar-se firmemente. Temos a escolha entre a vida e a morte, bem como a capacidade de perceber que essa é uma realidade insana , que gera transtorno físico e desequilíbrio psíquico e espiritual.

Enfim, não devemos nos acostumar com a raiva e o ódio, porque deixam dolorosas cicatrizes na mente e no coração das pessoas, como alertou o Provérbio bíblico: “Não se junte com pessoas odiosas, nem frequente a casa de gente raivosa. Você poderia acostumar-se como o modo delas e criar armadilhas para si mesmo.”

Jackson César Buonocore

Sociólogo e Psicanalista

Recent Posts

MAHATMA GANDHI DIZIA QUE ACREDITAVA EM CRISTO, MAS NÃO NO CRISTIANISMO

MAHATMA GANDHI DIZIA QUE ACREDITAVA EM CRISTO, MAS NÃO NO CRISTIANISMO. "NAÇÕES CRISTÃS PROCURAM RIQUEZA…

1 dia ago

Você já sentiu que estavam te observando, mas, quando se virou para ver quem era, não viu ninguém?

Você já sentiu que estavam te observando, mas, quando se virou para ver quem era,…

1 dia ago

Quer ver os números do seu negócio crescer de forma impressionante? Leia isso:

Talvez você esteja desanimada com os números do seu negócio, talvez você pense que já…

2 dias ago

Tudo o que você pensa que foi azar, na verdade, foi livramento.

Tudo o que você pensa que foi azar, na verdade, foi livramento. Por Iara Fonseca…

2 dias ago

Quase um quarto do mundo sofre com a solidão, diz estudo.

Quase um quarto do mundo sofre com a solidão, diz estudo. Quase uma em cada…

2 dias ago

Estudo revela que quanto mais você conversar com sua mãe, mais tempo ela viverá!

Estudo revela que quanto mais você conversar com sua mãe, mais tempo ela viverá! Se…

3 dias ago