Amores Proibidos…
E em meio aos pedidos que recebo, há alguns meses recebi um que dizia:

– Viviane, por favor, escreva sobre amores proibidos.
Eu recebi a mensagem pela caixa da minha Fan Page e não conhecia a autora do pedido até então.

Diante do pedido dela eu perguntei:

– Que tipo de amor proibido?

Ela não soube me responder.

Não sei se atenderei ao pedido dela, pois existem muitos tipos de amores proibidos. De acordo com a pergunta: Proibido por quê? Ou melhor: Por quem?
Diz um texto que li no qual há conselhos escritos por um homem de mais de noventa anos que, se algo é proibido, não deveria fazer parte da sua vida.

A questão sobre o amor proibido passa pelo “amar quem lhe é proibido”. Não escolhemos quem iremos amar, todavia escolhemos se iremos ou não viver esse amor.

Julieta e Romeu apaixonaram-se, e o amor deles era proibido pelos pais de ambos.

Francisco e Clara sublimaram o imenso amor que sentiam um pelo outro, deslocando-o para o amor a Deus.

Pedro e Inês foram proibidos de viver o amor que os unia e ele vingou-se do mundo por isso.

Perdi a conta de quantos livros já li, de quantos filmes já assisti e de quantas novelas já tiveram no seu enredo o amor que não aconteceu pelas mais diversas razões.

Podemos proibir o amor de ser vivido, mas não de acontecer e muito menos de ser sentido.
Não se controlam os sentimentos, mas sim os pensamentos que acabam por matar de inanição o que se sente – pela dor, pela ausência ou por qualquer desculpa que encontramos pelo caminho para tapar o vazio que deixa um sentimento que não se viveu.

Que razões foram estas que criamos sabe-se lá quando, e que pensamos ser convincente a ponto de frear um sentimento? Quem é que pensa ter tido o poder de ter criado um dogma político, econômico, religioso, semita ou de qualquer outra denominação capaz de ser forte o bastante para matar um amor?

Dia desses vi um artigo semelhante aos que costumo escrever e publicar nas redes sociais e que carregava o seguinte título: “Você não ficará com o amor da sua vida”. Profecia auto realizadora de extremo mau gosto. Quem é que criou esta regra de resignação humana diante do maior de todos os ensinamentos do Cristo e de todos os outros mestres? O que mais iremos fazer neste mundo, se não pudermos amar?

Iremos escrever livros, roteiros de filmes e letras de músicas que justifiquem escolhas equivocadas, convenientes e falsas para que abandonemos o que é essencial para a sobrevivência da nossa espécie?

É nítida a tristeza que acomete os que abandonam o amor e os que se rendem ao maior de todos os equívocos inventados pelos homens em nome de Deus: o que afirma que o sofrimento é o que nos “salva”!

Ao abandonarmos o amor por coisas sem sentido como a rivalidade entre Montéquios e Capuletos, seremos apenas espectros de gente vagando pelo mundo carregando nossa amargura estampada no rosto e somatizada no corpo. Seremos propagadores do “não amor” como fizeram conosco e continuaremos passando, de geração em geração, a errada e falsa equação que diz que temos que procurar tudo no outro, que devemos levar tudo em conta, menos o amor.

E assim, resta aos escritores, compositores e autores de roteiros e novelas, continuar usando o mais clichê dos temas: o amor que, por qualquer razão pífia, não pode acontecer. Até que um dia, no leito de morte, finalmente percebemos, ao engolir o gosto amargo do arrependimento, que nada, nada nesta insana Matrix faz mais sentido do que o amor que uniu duas pessoas.

*Dedicado a uma paciente cujo nome não me lembro, mas que, no início do ano 2000, confessou-me em seu leito de morte, dentro da Santa Casa de Limeira, onde eu trabalhava como psicóloga hospitalar a sua história e seu amor proibido. Naquele dia, ao vê-la indo embora, eu aprendi uma das grandes lições da minha vida.








Psicóloga, psicoterapeuta, especialista em comportamento humano. Escritora. Apaixonada por gente. Amante da música e da literatura...