Há situações que pedem tão somente entendimento e silêncio, nada mais do que isso. Qualquer palavra então servirá apenas como um peso de culpa e de impotência a se juntar aos cacos emocionais em que o outro se encontra.

É muito comum às pessoas, mesmo as mais próximas, falar o que o outro menos precisa ouvir e no momento mais inapropriado. Embora ajam com boas intenções, querendo o melhor, acabam fazendo produzindo o efeito oposto, deixando tudo pior e mais difícil. Todos precisamos ouvir verdades e receber a dureza necessária, para que enxerguemos com mais clareza, mas tudo tem a hora certa, tanto os elogios quanto as críticas.

Muitas vezes, na ânsia de ajudar e de animar a quem muito amamos, escolhemos as palavras erradas, o tom inadequado e a pior hora para nos dirigirmos a ele. Acabamos, assim, oferecendo o contrário do que ele estava precisando, pois há situações que pedem tão somente entendimento e silêncio, nada mais do que isso. Qualquer palavra então servirá apenas como um peso de culpa e de impotência a se juntar aos cacos emocionais em que o outro se encontra.

Uma forma de tentarmos ajudar as pessoas com mais coerência é nos colocando no seu lugar, imaginando como estaríamos se fôssemos nós que estivéssemos passando por aquilo, percebendo o que poderíamos estar querendo, do que estaríamos exatamente precisando e, principalmente, o que não gostaríamos de ouvir de ninguém. E, quando somos bastante próximos à pessoa, no fundo saberemos como ela deve estar se sentindo realmente e certamente poderemos ajudá-la da melhor maneira.

Vale lembrar que o outro não é obrigado a sentir as coisas como queremos ou como nós as sentimos. Pedir aquilo que o outro está impossibilitado de dar naquele momento soará nada menos do que a covardia ou a insensibilidade. Na verdade, poderemos até tentar imaginar a dor que ele sente, mas jamais estaremos aptos a ter certeza da real dimensão das escuridões alheias. Cada um sabe onde e como a vida lhe dói e mais ninguém.

E é disso tudo de que os relacionamentos são feitos, de momentos em que sorrimos juntos e de outros em que sofremos solidariamente, porque ter alguém ao lado enquanto desmontamos por dentro fará toda a diferença em nossas vidas. Ademais, que tenhamos a decência de saber quando poderemos repreender, animar, chacoalhar ou apenas acolher silenciosamente ao outro no amor reconfortante que todos temos dentro de nós.








Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.